Título: Sem ganho extraordinário, lucro da Nossa Caixa recua a R$ 289,9 milhões
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2006, Finanças, p. C2
O aumento da inadimplência no crédito e a volatilidade dos mercados em maio e junho influenciaram os resultados do Banco Nossa Caixa no primeiro semestre. A instituição divulgou, ontem, que teve um lucro líquido de R$ 115 milhões no segundo trimestre, acumulando R$ 289,9 milhões no semestre.
O lucro é 23,6% inferior ao de R$ 379,5 milhões do primeiro semestre de 2005. A queda se transformaria em ligeira alta de 6,3% se fosse excluído do resultado do primeiro semestre de 2005 o ganho não recorrente de R$ 106,9 milhões resultante dos ajustes feitos na preparação para a abertura de capital. Antes da operação, a Nossa Caixa vendeu ações de companhias elétricas e reverteu provisões relacionadas ao Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS).
A carteira de crédito da Nossa Caixa fechou o primeiro semestre em R$ 6,8 bilhões, 5% a mais do que no primeiro trimestre e 21,4% acima de junho de 2005. Desse total, R$ 5,1 bilhões são operações com pessoas físicas, linha que aumentou 5,7% no segundo trimestre e 24,5% em doze meses. Um destaque é o crédito consignado, que somou R$ 2,1 bilhões ao final do semestre, com crescimento de 8,4% no trimestre e de 27,4% em doze meses.
O banco acredita que essa carteira tem grande potencial de crescimento com a migração da folha de pagamento dos servidores públicos do Estado de São Paulo. São Paulo tem um total de 1,2 milhão de funcionários públicos da administração direta e indireta. Cerca da metade, calcula o diretor financeiro, Rubens Sardenberg, já tem conta na Nossa Caixa. A outra metade começou a abrir conta na instituição neste mês, em um processo escalonado, programado para ser concluído antes que o pagamento do salário desses funcionários, atualmente feito no Banco Santander Banespa, passe para a Nossa Caixa, o que está marcado para janeiro.
Já a carteira de pessoa jurídica aumentou 3% no trimestre e 13% em doze meses.
Sardenberg, afirmou que o banco está reduzindo a previsão de crescimento do crédito para 20% a 25% no ano, em comparação com os mais de 25% anteriores, por causa do aumento da inadimplência e uma certa desaleceração da demanda.
Como a carteira de crédito da Nossa Caixa é predominantemente de operações com pessoas físicas, a inadimplência média - medida pelas operações com mais de 60 dias de atraso - é mais salgada e aumentou de 6,7% em junho de 2005 para 8,6% do total da carteira em junho passado, quase dois pontos acima da média do mercado, que está ao redor de 7%. Isso ocorre apesar da fatia significativa do crédito consignado.
Com o aumento da inadimplência, o Banco Nossa Caixa teve que ampliar em 64,2% as despesas com provisões para devedores duvidosos, para R$ 343,011 milhões, elevando o saldo dessas reservas de R$ 504,3 milhões no fim do primeiro semestre de 2005 para R$ 736,2 milhões em igual período deste ano.
A Nossa Caixa ainda tem carteira importante de títulos públicos, equivalente a 60% dos ativos totais, cuja receita caiu, afetada pela volatilidade do segundo trimestre.