Título: Investimento estrangeiro direto cresce 16,5%, a US$ 1,67 tri
Autor: Machado,Daniela
Fonte: Valor Econômico, 13/04/2012, Finanças, p. C7

O fluxo global de investimentos estrangeiros diretos (IED) cresceu 16,5% no ano passado, para um valor estimado de US$ 1,664 trilhão, mas o movimento não se traduziu em expansão equivalente da capacidade produtiva, segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

No Brasil, a entidade destacou entrada de recursos atraídos pelo juro mais alto, inclusive de afiliadas de companhias brasileiras no exterior.

A cifra global registrada em 2011 - que superou o nível pré-crise mas ainda está 25% abaixo do pico alcançado em 2007 - foi obtida em grande parte por aquisições no exterior e aumento das reservas em dinheiro mantidas em afiliadas localizados com outros países - "ao invés do tão necessário investimento em novos ativos produtivos por meio de projetos novos ("greenfield") ou gastos com afiliadas já existentes".

O fluxo originado apenas nos países em desenvolvimento caiu 7% e, como resultado, a participação dessas economias no IED global recuou de 31% em 2010 para 26% - mas ainda ficou no segundo maior nível já registrado. "A expansão do fluxo de IED a partir de economias em desenvolvimento visto nos últimos anos parece ter perdido ímpeto em 2011 devido a declínios significativos no IED gerado na região de América Latina e Caribe e uma desaceleração no crescimento referente aos países em desenvolvimento da Ásia", destacou a Unctad em relatório.

Somente América Latina e Caribe foram responsáveis por uma queda de 29% na geração de IED no ano passado, após forte avanço, de 82%, em 2010. No caso do Brasil, especificamente, houve um salto nas provisões e pagamento de empréstimos por afiliadas brasileiras no exterior para as matrizes no Brasil que levou os empréstimos intercompanhia para um recorde negativo de US$ 21 bilhões - ou seja, houve entrada de recursos acima das saídas nesse quesito.

"Isso pode ser explicado, em parte, pela busca de maneiras para aportar capital no ambiente de juro elevado do Brasil sem ter que pagar imposto sobre transações estrangeiras", diz o relatório da entidade, referindo-se ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) - utilizado em diversos momentos pelo governo para brecar a entrada de recursos no Brasil e evitar a valorização da moeda brasileira.

Considerando apenas as atividade de fusão e aquisição, houve uma queda de 34,6% nos dados do Brasil (para US$ 5,5 bilhões). Nos chamados projetos greenfield, o declínio foi ainda mais pronunciado, de 56,1% (para US$ 4,6 bilhões).

De acordo com relatório do Banco Central, o Brasil recebeu no ano passado o recorde de US$ 66,66 bilhões em investimento estrangeiro direto.