Título: PT apoia Lei da Copa sem liberação de álcool
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 20/03/2012, Poder, p. A8

A bancada do PT na Câmara decidiu em reunião ontem apoiar a versão da Lei Geral da Copa que não libera explicitamente a venda de bebidas alcoólicas durante o Mundial e a Copa das Confederações.

A posição vai contra o que vinha sendo defendido pelo Palácio do Planalto, de autorizar expressamente a venda de bebidas para atender a acordo com a Fifa, de 2007.

O tema se tornou um dos elementos da crise na base aliada, com seguidas reviravoltas na semana passada.

Primeiro, o governo decidiu, para agradar a bancada evangélica e facilitar a aprovação da lei, tirar a liberação explícita, proposta pelo relator, Vicente Cândido (PT-SP).

Um dia depois, ao constatar que havia assinado acordo com a Fifa garantindo que não imporia nenhuma restrição à venda de bebida, recuou de novo e recolocou a liberação explícita no texto.

Na sexta, em visita ao país, Joseph Blatter, presidente da entidade máxima do futebol, disse que a presidente Dilma Rousseff lhe "garantiu que vai cumprir o acordo".

Em nota na semana passada, o Ministério do Esporte havia afirmado que para cumprir o acordo seria necessário aprovar o texto com a liberação explícita.

A versão do texto que os petistas apoiaram ontem suspende, durante a Copa, o artigo do Estatuto do Torcedor que trata da venda de bebidas.

Com isso, na prática, a Fifa terá de negociar a liberação do veto ao consumo com os Estados. Para alguns parlamentares, isso é suficiente para cumprir o acordo.

A avaliação do partido foi a de que apoiar a proposta que explicita a permissão para a venda de álcool poderia levar o governo a ser derrotado.

Segundo a Folha apurou, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse ontem ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que não quer tornar o tema um "cavalo de batalha" e que o importante é aprovar a lei da Copa.

CRISE NA BASE

Hoje o governo enfrenta o primeiro teste desde a rebelião, com a votação de uma medida provisória no Senado que, se não for aprovada, perde a validade amanhã.

Com novos focos de reclamação na base aliada, Dilma decidiu suspender temporariamente os encontros semanais com as legendas que a apoiam no Congresso, combinados em fevereiro.

Também hoje, deputados de PR, PTB e PSC decidem se permanecem na base aliada.