Título: CNI prevê atividade fraca no terceiro trimestre
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2006, Brasil, p. A4

O problema cambial preocupa bastante os economistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e suas perspectivas para a atividade do setor no terceiro trimestre deste ano não são animadoras. Flávio Castelo Branco e Paulo Mol afirmam que os meses de julho, agosto e setembro devem ter desempenho parecido com o do segundo trimestre, o que significa crescimento discreto.

Castelo Branco adverte que a valorização excessiva do real em relação ao dólar é um "preço fora do lugar" num cenário impulsionado por juros altos, liquidez internacional e exportação forte. E isso ocorre num quadro de alta carga tributária, dificuldades de acesso ao crédito e infra-estrutura deficiente. Portanto, a competitividade das empresas exportadoras, principalmente as pequenas e médias, fica ainda mais reduzida.

Como fatores positivos para o terceiro trimestre, Castelo Branco cita a trajetória descendente dos juros básicos e a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Também ajuda a campanha eleitoral, que movimenta renda e consumo. Já os fatores de risco que a atual taxa de câmbio traz são os desestímulos ao investimento voltado à exportação e a concentração das vendas externas nas grandes companhias, expulsando do comércio internacional quem não tem fôlego financeiro para continuar honrando seus contratos com clientes no exterior.

Os indicadores industriais de junho da CNI mostraram um segundo trimestre praticamente estável na comparação com maio. Com os ajustes sazonais, a comparação com maio indicou vendas 0,30% maiores. O pessoal empregado reduziu-se 0,01% e as horas trabalhadas ficaram 0,04% menores.