Título: Telemig tem lucro e receita menores no 2º trimestre
Autor: Moreira, Talita e Fuoco, Tais
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2006, Empresas, p. B3

O resultado da Telemig Celular piorou no segundo trimestre, com o aumento da competição e o impacto de fatores não-recorrentes. A operadora lucrou R$ 44,9 milhões entre abril e junho, o que representa queda de 37,9% frente a igual período do ano passado. A receita líquida baixou 7%, de R$ 288,3 milhões para R$ 268,1 milhões.

O balanço foi positivamente afetado pela reversão de uma provisão para ICMS, de R$ 18,9 milhões. Ao mesmo tempo, houve um efeito negativo de R$ 8 milhões pelo aumento nas provisões para inadimplência, também considerado não-recorrente pela empresa.

A base de clientes da Telemig praticamente não cresceu ao longo do trimestre e o número de assinantes pós-pagos caiu, apesar do Dia das Mães e dos Namorados, datas fortes do varejo. O total de 3,4 milhões de usuários é, contudo, 14,5% superior aos 2,9 milhões que a operadora tinha um ano antes. Nesse período, a empresa começou a atuar no Triângulo Mineiro e passou a conviver com mais um competidor: a Claro.

Ricardo Sacramento, principal executivo da Telemig Celular, afirmou que o desempenho foi prejudicado pela ocorrência de vários feriados e da Copa do Mundo. "Foram dias praticamente sem vendas, sem fluxo", disse.

Segundo ele, a solução dos problemas de clonagem da Vivo também contribuiu para pressionar a receita. As ligações feitas em Minas com celulares clonados da Vivo geraram receita de interconexão de R$ 30 milhões à Telemig em todo o ano passado. Sacramento admitiu que contava com a repetição desse efeito em 2006. "Não esperava que a Vivo corrigisse completamente o problema, como fez."

Em abril, a Telemig demitiu 250 dos 1,2 mil funcionários de seu call center e, em julho, decidiu eliminar quatro diretorias e 25 postos de gerente e coordenador - medida que terá impacto nos próximos trimestres.

A empresa apresentou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações (lajida) de R$ 93,3 milhões de abril a junho, o que significa margem de 34,8%, menor do que os 37,5% apurados no mesmo período de 2005.

No comunicado que divulgou, a Telemig disse ter obtido margem de 38,4%. Diferentemente das demais teles brasileiras, ela calcula o indicador com base apenas na receita de serviços, descontando o efeito da venda de aparelhos.

Analistas de investimentos, no entanto, preferem considerar a margem com base em toda a receita, o que facilita a comparação com as concorrentes. Para Luciana Leocádio, da BES Securities, é preciso ainda descontar os itens não-recorrentes. Feito isso, a margem lajida da Telemig é de 30%.

"O segundo trimestre foi muito fraco. Quase não cresceu a base de clientes e a receita caiu, apesar de ser um período de pico na receita de serviços", destacou a analista. O resultado também decepcionou Maurício Fernandes, da Merrill Lynch. "Após um primeiro trimestre fraco, a Telemig não mostrou sinais de recuperação no segundo trimestre", observou, em relatório.

O desempenho da Amazônia Celular também piorou. A empresa teve prejuízo de R$ 11,4 milhões entre abril e junho, ante lucro de R$ 72 mil no mesmo período de 2005. Com a distribuição de minutos promocionais entre os clientes, a receita líquida caiu 11,6%, para R$ 98,7 milhões. A base de clientes ficou estável em 1,25 milhão.

A Amazônia e a Telemig são geridas pelo Opportunity, que disputa o controle das teles com fundos de pensão e o Citigroup.

Sacramento disse que a Telemig desistiu da ação judicial que movia contra a presença da Claro em Minas. Segundo ele, o processo "não era bom para a imagem da companhia". Mas a operadora mineira já vislumbra um novo embate. O executivo disse que tomará "todas as medidas possíveis" para impedir a entrada da Vivo no Estado, alegando que o mercado não foi desenhado para cinco operadoras. Já existem quatro em Minas. (*Do Valor Online)