Título: Livro é carro-chefe mas Saraiva fatura com TV e PC
Autor: Bispo, Tainã
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2006, Empresas, p. B6

O carro-chefe do grupo Saraiva continua sendo o livro mas as vendas de outros produtos, como televisores e computadores, na rede de livrarias e pela internet têm conquistado resultados positivos no balanço da empresa. A receita líquida das livrarias, que engloba o negócio pontocom, cresceu 28,8%, para R$ 154,6 milhões, no primeiro semestre do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido atingiu R$ 2 milhões, com aumento de 6,6%.

As vendas pela internet cresceram 61,1% e o negócio pontocom representou, nesse período, 28,8% na divisão de varejo do grupo. João Luís Ramos Hopp, diretor financeiro e de relações com investidores da Saraiva, disse ao Valor que a inserção de novas categorias de produtos impulsionou as vendas on-line. Desde novembro é feita a venda, via internet, de eletroeletrônicos e produtos de informática (que já representam 19,8% do comércio virtual) e, em maio deste ano, o endereço virtual da empresa passou a oferecer um catálogo de importados com mais de 1 milhão de itens.

A estratégia de ter uma gama maior de produtos no pontocom aumentou o valor de cada compra realizada no site. O ticket médio aumentou 32,5% no primeiro semestre, atingindo R$ 110,2.

A expansão da divisão de livraria dentro do grupo é notória. No primeiro semestre o braço varejista representou 58% da receita bruta do grupo, de R$ 295,5 milhões. No mesmo período de 2005, o braço varejista correspondia a 51% da receita bruta consolidada. "O negócio livraria está crescendo de forma acelerada, enquanto que o braço editorial apresenta um aumento demorado, o que é normal", diz o executivo.

A Copa do Mundo ajudou as vendas virtuais no segundo trimestre, devido ao aumento da procura por aparelhos de TV. Por outro lado, o comércio nas lojas físicas foi prejudicado. "Crescemos 7% no segundo trimestre, o que consideramos ótimo. Mas poderia ter sido melhor", diz. "Muitos shopping centers até fecharam durante o jogo, inviabilizando o comércio." No primeiro trimestre deste ano, a rede de livrarias cresceu 17,7%, influenciada pelas vendas de material escolar.

A rede de livraria será alvo de novos investimentos da Saraiva. A empresa está esperando a aprovação de um financiamento, pedido ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de R$ 22,1 milhões. "A aprovação já está em fase final, talvez seja anunciada nas próximas semanas", afirma Hopp.

Esse valor será usado na expansão das lojas físicas e na reforma de outras 18. "Iremos atualizar algumas unidades", diz. Nesse novo modelo, as lojas tradicionais - que vendem principalmente livros e artigos de papelaria e que são menores -, passam a oferecer um mix de produtos diferenciado, como CDs, DVDs e um espaço para revistaria. "Percebemos que há um incremento entre 20% a 25% nesse novo modelo de loja, comparado ao antigo", afirma. "A idéia é aumentar a venda por impulso."

O braço editorial do grupo apresentou um lucro líquido de R$ 25,5 milhões no primeiro semestre deste ano, com crescimento de 10,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O grupo fechou o semestre com R$ 80,4 milhões, líquidos, em caixa - um salto expressivo em relação aos R$ 2,1 milhões registrados no mesmo período de 2005, que é explicado pela Oferta Pública de Distribuição Primária e Secundária de Ações realizado em abril. Com relação à política de aquisições, o executivo diz que a empresa manterá essa estratégia para os dois negócios (editora e livrarias).