Título: Câmara Americana quer evitar que Brasil seja excluído do SGP
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2006, Brasil, p. A4

Para evitar que o Brasil seja excluído do Sistema Geral de Preferências (SGP) dos Estados Unidos, a Câmara Americana de Comércio (Amcham) está fazendo lobby junto aos congressitas do país. O sistema permite que o Brasil exporte alguns produtos manufaturados para os EUA sem pagar tarifa de importação.

A Amcham enviou ontem uma carta para 55 senadores e 56 deputados americanos, que representam os 11 distritos aduaneiros pelos quais os produtos brasileiros ingressam no mercado dos EUA. Segundo Hélio Magalhães, presidente da Amcham, o objetivo é sensibilizar os parlamentares para as perdas que seu distrito pode sofrer.

"Os recursos que ingressam geram uma atividade econômica nesses distritos voltada para a importação", diz Magalhães. Ele argumenta também que uma eventual exclusão do Brasil no SGP pode pesar no bolso do consumidor americano. Sem os benefícios, o produto brasileiro perderia competitividade e ficaria mais caro.

Segundo o levantamento da Amcham, o distrito de Norfolk é o principal destino dos produtos brasileiros contemplados pelo SGP que chegam aos EUA. A região recebeu US$ 533,5 milhões em produtos brasileiros no ano passado, ou 15% do total das exportações brasileiras via SGP. Logo depois está Nova York, por onde ingressaram US$ 514,2 milhões, ou 14% do total.

Atualmente, 3.359 produtos brasileiros são contemplados pelo SGP americano. Em 2005, o Brasil exportou US$ 3,6 bilhões para os EUA por meio do sistema, o que significa 15% dos US$ 24,4 bilhões vendidos para aquele país. Os benefícios tributários do SGP representaram uma economia de US$ 128 milhões para as empresas brasileiras.

Os principais produtos brasileiros contemplados pelo SGP foram veículos e autopeças (US$ 270 milhões), máquinas e equipamentos (US$ 96 milhões) e madeira e móveis (US$ 46 milhões). Magalhães destaca que os produtos em que o Brasil é mais competitivo, como commodities agrícolas e produtos siderúrgicos, não estão incluídos na lista.

Os Estados Unidos revisarão em setembro a lista dos países beneficiados pelo SGP. O presidente do Comitê de Finanças do Senado americano, Charles Grassley, está pressionando para Brasil e Índia sejam excluídos do sistema e percam os benefícios.

Grassley culpa esses países pelo fracasso das negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial de Comércio, e argumenta que Brasil e Índia já atingiram um nível de desenvolvimento que não justifica sua participação no SGP, voltado para países pobres.