Título: Investimento sustenta expansão forte na China
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2006, Internacional, p. A11
A economia da China está desacelerando um pouco, mas ainda deve registrar uma expansão de 10,4% neste ano, segundo a previsão do Banco Mundial (Bird). O relatório trimestral sobre a economia chinesa elaborado pela instituição mostra um aumento significativo em relação a sua projeção de crescimento anterior, que havia sido de 9,5%, e foi divulgado depois de o governo chinês ter anunciado que a expansão do PIB chegou a 11,3% no segundo trimestre, maior patamar desde 1995.
Segundo o Bird, os investimentos ainda devem sustentar o crescimento, apesar das medidas do governo para desacelerar o crédito e a economia. "Uma das razões para a resistência dos investimentos em relação às medidas de aperto de crédito é que ele se financia com os lucros - mais da metade dos investimentos das empresas vem dos lucros - e eles estão aumentando", disse o relatório do banco.
Os dois maiores motores da economia neste ano vêm sendo os investimentos, que são responsáveis por 40% do crescimento do PIB, e as exportações.
A instituição acredita que as autoridades chinesas podem se confortar com o fato de que a maior parte dos investimentos vem dos lucros em vez de empréstimos.
Quanto às exportações, a expectativa do Bird é de que as exportações da China cresçam em 20,8% no ano, enquanto o crescimento das importações deve ser de 18,4%. A estimativa do banco é de que isso leve o país a registrar um superávit de conta corrente - a mais ampla medida de comércio - de US$ 220 bilhões, 36% maior do que em 2005.
Mesmo assim, "a economia deve desacelerar um pouco no segundo semestre, resultando num crescimento de 10,4% para o ano todo", disse o relatório da instituição. A previsão é de que esse ritmo desacelere também em 2007, mas ainda registre robustos 9,3%.
Analistas crêem que os últimos resultados econômicos indicam que as medidas tomadas pelo governo para restringir o crédito e desacelerar o crescimento podem estar começando a fazer efeito.
O crescimento da produção industrial em julho, por exemplo, ficou em 16,7%, abaixo dos 19,5% de junho (leia texto abaixo).
Os investimentos diretos externos (IDE) caíram 5,5% em julho, em relação ao mesmo mês de 2005, ficando em US$ 4,3 bilhões.
Isso colocou o total do IDE acumulado nos sete primeiros meses do ano em US$ 32,7 bilhões, 1,2% abaixo do registrado no mesmo período de 2005.
O relatório do Bird diz que, com a capacidade de produção e a demanda continuamente em expansão, a inflação baixa e o superávit em conta corrente aumentando, a maior preocupação política não deve ser um superaquecimento geral, e sim que o investimento estrangeiro cause capacidade excessiva em setores específicos. Isso poderia afetar bastante o sistema bancário, pois haveria o grande risco de os créditos se tornarem podres.
Para o Bird, o crescimento contínuo dos investimentos pode, por outro lado, levantar preocupações quanto a eficiência, "o que faria do crescimento mais moderado uma meta desejável".
No setor externo, os maiores riscos para a economia chinesa continuariam sendo uma desaceleração mais aguda do que esperada na economia dos EUA e o desequilíbrio global.