Título: De olho no social
Autor: Lledó, Maria Júlia
Fonte: Correio Braziliense, 19/10/2010, Cidades, p. 27

Eleições 2010 Na corrida para o segundo turno, candidatos ao GDF definem o que oferecer em termos de direitos ao cidadão. Segmento é foco de ambas as campanhas

A desigualdade social persiste no capital e ela será um dos maiores desafios dos candidatos ao governo da capital do país. Segundo dados de uma pesquisa do IBGE divulgada em setembro, o Distrito Federal não conseguiu equilibrar a distribuição de renda da população. A disparidade entre as classes sociais do DF só é menor do que as do Piauí. Combater esse abismo entre ricos e pobres transformou-se numa das principais bandeiras dos candidatos Agnelo Queiroz (PT) e Weslian Roriz (PSC).

Desde o primeiro turno, o programa do petista prioriza a implantação de políticas públicas de proteção e promoção social, com ênfase nos segmentos sociais mais carentes, além de crianças, adolescentes, jovens e idosos. Da mesma forma, a candidata ao Palácio do Buriti foca na área social, aproveitando as mesmas propostas de governo do marido Joaquim Roriz. Erradicar a fome, dar atenção à juventude e promover acessibilidade de pessoas com necessidades especiais são algumas das promessas de Weslian Roriz.

Já no plano de governo do candidato Agnelo Queiroz, uma das principais medidas é fazer a junção da área de assistência social com a educação. O petista pretende garantir creche para todas as crianças de até três anos no DF. Segundo dados da campanha, cerca de 120 mil crianças precisam desse atendimento, uma vez que ainda é muito pequeno o número de atendidos pela rede pública. ¿Todos os pais precisam ter onde deixar os filhos para ir trabalhar. As creches representam o início da vida escolar das crianças, que nelas têm os estímulos corretos na pré-infância, se alfabetizam melhor e mais rápido. No meu governo, toda a criança terá uma vaga numa creche. Isso pode ser feito e farei¿, promete Agnelo.

A candidata Weslian Roriz também pretende dar atenção aos segmentos mais carentes da população, priorizando educação, saúde, habitação, saneamento, infraestrutura, alimentação, lazer e capacitação profissional. Segundo assessoria da candidata do PSC, o foco do programa de governo é ajudar famílias em situação de risco, dando-lhes condições para que possam se sustentar. Em prol do que a campanha chamou de uma reinserção social, Weslian ainda pretende fortalecer as ouvidorias como espaços institucionais para reclamações, críticas e sugestões, transformando-as em um canal de fácil acesso da população.

Índices A edição de 2009 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) apontou o DF na posição que vem sustentando há anos: a unidade da Federação com o maior rendimento médio real do país. Em 2009, os ganhos médios de um morador do DF ficaram em R$ 2.239, ou seja, 102% superiores à média nacional, que foi de R$ 1.106. Os rendimentos no DF são, ainda, 64,8% maiores do que o segundo estado com maior renda média do país no ano passado, Santa Catarina, com a marca de R$ 1.358.

O Índice Gini do DF ¿ que leva em conta a distribuição do rendimento mensal da população ocupada ¿ caiu de 0.601, em 2008, para 0.582, no ano passado. Em 2004, quando o IBGE também mediu a desigualdade, a capital do país obteve 0.588. Pela metodologia, quanto mais próximo de um, maior a disparidade entre as classes sociais. O índice do DF, em 2009, só foi menor que o do Piauí, que registrou 0.596. A média nacional caiu de 0.521 para 0.518. Amazonas e Santa Catarina foram os estados com menor desigualdade: ambos apresentaram índice de 0.463.