Título: Vendas da Torcida Baby vão na contramão e sobem 50%
Autor: Aguilar, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Caderno Especial, p. F2

Algumas empresas conseguem "driblar" o cenário desfavorável, apostando na produção inovadora e diferenciada. Em vez de exportar produtos que competem com os chineses, elas se especializaram em nichos de mercado e intensificam as ações para agregar valor aos produtos.

A empresa Torcida Baby do Brasil viu as vendas para o exterior crescerem mais de 50% de 2003 até meados de 2006, enquanto muitas empresas registraram queda nas exportações, principalmente de 2005 para cá. A curva tem sido ascendente. "Estamos finalizando a construção de uma fábrica nova que terá uma sala específica para cuidar das exportações", comemora o sócio da empresa José Adolfo Queiroz.

A pequena empresa tem em seu mostruário mais de 50 produtos, entre roupas e acessórios só para bebês, ligados ao tema "futebol". No Brasil, a Torcida Baby tem a licença de 17 clubes de futebol, com permissão de explorar a cor, nome e brasão dos times em bonés, macacões, babador, mamadeira etc. Também tem uma linha de roupa infantis licenciada pela NBA para ser comercializada apenas no Brasil.

Depois de uma parceria com um distribuidor em Milão, que tem a licença para explorar a marca do clube italiano Inter de Milão, a Torcida Baby começou a exportar para Europa em 2003. O volume destinado aos países europeus só tem aumentado. Hoje, ela exporta para as lojas de dois clubes alemães: Hansa Hostock e Maiez. Na suíça, abastece com roupas de bebês a loja do clube de futebol FCZ.

No Brasil, a empresa trabalha com produtos voltados ao futebol desde 1994. "Por enquanto, o volume exportado não passa de 10% do faturamento da empresa, mas deve aumentar porque continuamos negociando produtos oficiais com outros clubes da Europa", afirma Queiroz. Em breve, a empresa deve iniciar as exportações para o clube Juventus, de Turim, na Itália. Os negócios estão em fase de finalização.

Um kit para bebê com quatro peças (babador, boné, tênis, macacão), ligado a algum time, custa em torno de 11 euros no mercado europeu, bem abaixo de uma camisa oficial do clube que fica em torno de 70 e 80 euros lá fora. Esse é o principal argumento de Queiroz, quando ouve reclamações dos europeus em relação ao preço do kit.

Com sede na cidade de Artur Nogueira, a 150 quilômetros de São Paulo, a pequena empresa tem 35 funcionários e conta com o trabalho terceirizado de outras 35 pessoas. No total, gera renda para 70 trabalhadores na cidade. Em média, a Torcida Baby produz 30 mil peças por mês, com picos de até 50 mil, como ocorreu meses antes da Copa do Mundo.

Os jogos do campeonato brasileiro interferem a cada final de semana na produção e venda dos produtos. Tudo depende de quem lidera a competição. (A.A.)