Título: Novo tom nas exibições
Autor: Rothenburg, Denise; Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 08/10/2010, Política, p. 2

Dilma falando sobre as propostas e Serra mais combativo. Eis as estratégias do horário eleitoral que começa hoje

O horário eleitoral do segundo turno que terá início hoje, às 13h, trará uma Dilma Rousseff (PT) com mais propostas à militância petista, e um José Serra (PSDB) encarando o desafio de atacar a adversária sem parecer agressivo. As estratégias dos dois candidatos à Presidência da República foi traçada depois de ouvidos assessores e aliados. Em ambos os casos, houve críticas ao tom dos programas feitos no primeiro turno pelos marqueteiros João Santana, pelo lado petista, e Luiz González, pelo tucano.

A partir de hoje, os candidatos terão programas diários de 10 minutos, exibidos às 13h e às 20h30 na televisão, e às 7h e ao meio-dia, no rádio. Além do horário cheio, cada um terá sete minutos e 30 segundos de inserções de até meio minuto, a serem distribuídas pelas emissoras ao longo da programação diária. Ao contrário do primeiro turno, a propaganda vai ao ar inclusive aos domingos. Até a despedida do rádio e da tevê, em 29 de outubro, cada um ficará 165 minutos no ar na tentativa de angariar os votos necessários para vencer a corrida ao Palácio do Planalto. Em comum, Dilma e Serra discutem com suas equipes a necessidade de promover mudanças no conteúdo dos programas.

No lado petista, a avaliação é de que, na reta final do primeiro turno, os programas foram esteticamente perfeitos, mas com texto rebuscado e pouco emotivo. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o conteúdo fosse modificado, trouxesse mais propostas e principalmente dialogasse com a militância petista. Dilma deve aproveitar o horário para se defender indiretamente da polêmica referente à descriminalização do aborto. ¿Vamos confrontar propostas e principalmente a postura das duas candidaturas. Vamos mostrar que nosso adversário partiu para a política das calúnias, da política rasteira, transformou uma eleição à Presidência em uma discussão sobre aborto, que é tema a ser decidido e debatido no Congresso Nacional, não no Palácio do Planalto¿, afirma o presidente petista, José Eduardo Dutra.

Pressão Entre os aliados tucanos, também há a pressão para que Serra aumente o tom das críticas a Dilma. Durante a reunião que deu início ao segundo turno para os serristas, vários políticos aliados, como os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), pediram mais combate ao presidenciável. A propaganda levada ao ar hoje deve trazer principalmente questionamentos sobre o passado da petista, em especial sobre os arquivos dela guardados no Superior Tribunal Militar (STM). ¿Um pedaço grande da vida da Dilma está dentro de um cofre do STM. Ela, como candidata, tem o dever de mostrar o que está lá. Serra é claro, já a Dilma esconde um pedaço importante da vida dela¿, critica o deputado federal Jutahy Júnior (PSDB-BA).

PV quer antecipar Vinicius Sassine

Um dia depois de anunciar a data da convenção nacional que vai decidir os rumos do partido na eleição presidencial, integrantes da executiva do PV dispostos a apoiar José Serra (PSDB) se reuniram, em Brasília, para acertar uma antecipação da convenção, marcada para o próximo dia 17. Divergências dentro do PV opõem o grupo da senadora Marina Silva às lideranças da legenda. Marina, que saiu da disputa presidencial fortalecida com 19,6 milhões de votos, deve se manter neutra no segundo turno, sem declarar apoio a Serra ou a Dilma Rousseff (PT). A executiva nacional quer se aliar a Serra e, para não perder tempo e força política, pretende antecipar a convenção para os dias 12 ou 13.

O presidente nacional do PV, José Luiz Penna, confirmou, em São Paulo, na quarta-feira, a realização da convenção do partido. Ontem, Penna reuniu-se em Brasília com os deputados do PV Edson Duarte, da Bahia, e Zequinha Sarney, do Maranhão, além de outros integrantes da executiva nacional para tentar antecipar a data do evento, uma forma de ganhar tempo e espaço no núcleo da campanha de Serra caso o partido confirme o apoio ao tucano. Marina Silva e aliados permaneceram em São Paulo. Eles adiaram para hoje a reunião que definirá as propostas de governo a serem apresentadas aos dois presidenciáveis.

Decisão hoje ¿Está ficando claro que Marina vai ficar neutra, o que não indica que o partido não vá apoiar alguém. Hoje, majoritariamente, a tendência é apoiar o Serra¿, afirma o deputado Edson Duarte. Coordenador da candidatura de Marina à Presidência e principal articulador político do grupo da senadora, João Paulo Capobianco afirma que ¿a princípio¿ a convenção está mantida para o próximo dia 17. ¿Eventuais propostas de alteração do calendário serão discutidas na reunião de amanhã (hoje).¿

Penna esteve em Brasília para participar do anúncio de apoio de Eduardo Brandão à candidatura de Agnelo Queiroz (PT). Brandão foi o candidato do PV no Distrito Federal e, segundo ele, ¿Marina estava ciente do processo¿.

"Um pedaço grande da vida da Dilma está dentro de um cofre do STM. Ela, como candidata, tem o dever de mostrar o que está lá¿

Jutahy Júnior, deputado federal pelo PSDB da Bahia