Título: CVM começa a avaliar resultado da troca de auditor
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Empresas, p. B3

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estuda a formação de um convênio com universidades para verificar qual a percepção dos investidores e analistas em relação ao rodízio de auditores.

"Queremos saber a opinião dos usuários das demonstrações contábeis em relação à troca de profissionais", disse Antônio Carlos Santana , superintendente de normas contábeis da CVM.

A autarquia começa a avaliar se há necessidade de alteração na regra que estabeleceu a troca de auditoria a cada cinco anos a partir de 1999 para todas as companhias de capital aberto.

De acordo com Santana, pesará na avaliação da CVM um levantamento com o parecer dos auditores antes ou depois do rodízio. "Queremos saber se as informações melhoraram", diz ele.

Ontem, a CVM, a Associação dos Investidores do Mercado de Capitais (Amec), o Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas (PCAOB, órgão americano que supervisiona a profissão dos auditores) e o Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes (Ibracon) se reuniram em um evento organizado pela Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) para discutir o rodízio de auditores.

De acordo com Charles Niemeier, membro do conselho do PCAOB, o governo americano chegou à conclusão que o rodízio não seria a melhor saída para evitar problemas como fraudes contábeis. "Não há uma clara evidência sobre a eficácia desse sistema. Preferimos estabelecer a troca de profissionais que auditam as companhias a cada cinco anos dentro de uma mesma firma", afirmou ele.

Luiz Fernando Figueiredo, presidente da Amec, disse que já foi a favor do rodízio, mas que agora avalia que o instrumento não é benéfico. Quando foi diretor do Banco Central, ele apoiou a troca de auditorias.

Hoje, ele avalia que quanto mais tempo uma firma de auditoria trabalha para uma empresa mais ela a conhece, o que facilita a percepção de irregularidades. "Acho que seria melhor haver a troca apenas de profissionais."

Durante o evento, Bengt Hallqvist, fundador do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, defendeu o rodízio. "O sistema deixa as firmas com medo de que a concorrente pegue o erro na próxima troca", disse. O maior problema para ele, entretanto, está na concentração do mercado em apenas quatro empresas: KPMG, Deloitte, PwC e Ernst & Young.