Título: Natura escolhe o Pará para receber sua segunda fábrica
Autor: D'Ambrósio, Daniela
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Empresas, p. B7
Depois da construção do complexo de Cajamar, há cinco anos, a Natura investe em uma nova fábrica. A segunda unidade da empresa ficará em Benevides, no Pará, e será inaugurada em cerca de dois meses. A nova fábrica está recebendo investimentos de R$ 13 milhões e processará matéria-prima para a fabricação de sabonetes vegetais. O projeto conta com a parceria de 2,5 mil famílias da região para extração de óleos.
A unidade de Benevides terá capacidade de produção de 18 mil toneladas de sabão-base ou nudo - produto que representa 95% de um sabonete acabado. Os outros 5% são compostos pela adição de perfumes e corantes. Essa etapa final será feita por um terceiro, a Sinter Futura, mesma empresa que, até a inauguração da nova unidade, responde por todo o processo de produção dos sabonetes da Natura.
Depois de 13 anos no ramo de sabonetes, no ano passado a Natura eliminou a gordura animal de toda sua linha de produção. No lugar de gordura animal, o sebo, o produto é feito com base de óleo de palma. Com a nova fábrica, além do óleo de palma - o mais abundante da região e que ainda representará 80% do fornecimento total de oleaginosas - serão usados também óleo de semente de maracujá, babaçu, cupuaçu e buriti.
"Esse é um avanço importante, pois permite agregar um diferencial desde a formulação do produto e não apenas na adição de ingredientes ativos", afirma Eduardo Luppi, vice-presidente de inovação. O buriti, por exemplo, tem betacaroteno (fonte de vitamina A) em sua composição.
Inicialmente, a empresa havia estimado para este ano um investimento de R$ 180 milhões nos chamados projetos de capacitação (que incluem a fábrica), mas aumentou o montante para R$ 210 milhões.
Depois que decidiu mudar a composição dos sabonetes para 100% vegetal, a Natura passou a comprar o óleo beneficiado da Agropalma, empresa de Belém. O frigorífico Bertin, o mesmo que antes fornecia a gordura animal, continua responsável pela fabricação do sabão-base a partir do óleo vegetal até a inauguração da nova fábrica. A Agropalma continuará fornecendo entre 10% e 20% dos óleos vegetais usados pela Natura.
A nova unidade faz parte da política de sustentabilidade amplamente pregada pela Natura. "Procuramos criar um modelo de inclusão social e uso sustentável da biodiversidade", diz Luppi. A fábrica fica no Parque Industrial da Central Nova Amafrutas, cooperativa de fruticultura do Pará, em um terreno de 17 mil metros quadrados.
Os 2,5 mil pequenos agricultores que cultivarão as essências estão espalhados em 21 municípios da região. Será a primeira vez que a Natura compra direto dos produtores. A empresa já tem parcerias com comunidades produtoras de ativos, como as de de piprioca, em Belém; castanha, no Amapá; e andiroba, no médio Juruá, no Amazonas.
O fornecimento de óleos vegetais será a primeira diversificação da Amafrutas, criada em 2001 depois que a multinacional Ciba-Geigy fechou a fábrica de suco concentrado que tinha na região. Os produtores, então, assumiram o negócio e passaram a produzir sucos de frutas concentrado vendidos no país e exportados para Europa, Estados Unidos e Canadá.