Título: Bovespa escolhe o Goldman Sachs para preparar abertura de capital
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Finanças, p. C2

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) escolheu o banco de investimento Goldman Sachs para preparar sua abertura de capital, informaram fontes próximas à operação. O Goldman disputava o mandato com outros bancos, incluindo o UBS e o Credit Suisse.

Esta é a primeira vez que o Goldman Sachs é o líder em uma operação de abertura de capital no Brasil desde o reaquecimento do mercado, em 2004. O Goldman é tradicionalmente forte em operações de fusões e aquisições.

Segundo o Valor apurou, em uma segunda fase, outros bancos devem ser escolhidos para auxiliar o Goldman.

O IPO da Bovespa (ou desmutualização, como é conhecida a abertura de capital de bolsas de valores) deve ocorrer em 2007, mas os preparativos já começaram em maio, quando a bolsa comunicou que fazia estudos para o IPO. A primeira função do Goldman é transformar a Bovespa, uma associação sem fins lucrativos, em uma empresa com bons resultados.

Apenas com o comunicado, os títulos da bolsa bateram recorde de valorização. Na segunda-feira, um título que pertencia a ex-sócios da corretora Bônus Banval foi vendido por R$ 2,4 milhões. Pelo fechamento de julho, o valor de face do título é de R$ 1,112 milhão.

O leilão de segunda-feira mostra também que o título, por enquanto, já atingiu um preço máximo. Foram colocados cinco papéis à venda, pelo preço de R$ 2,4 milhões. Mas só um foi comprado. Entre os títulos colocados no leilão, estavam três pertencentes ao Banco Rural e um da corretora Finabank. Nas bolsas que abriram o capital recentemente, como na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), a cotação dos títulos chegou a subir de três a quatro vezes o valor patrimonial.

Em 31 de julho, havia 758 títulos patrimoniais da Bovespa no mercado. Além de ganhar com a valorização nos leilões, os corretores ganham também com o reajuste dos valores de face dos títulos. Este ano, os papéis da Bovespa já subiram 16,1% até o final de julho, quase o dobro da variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que teve alta de 8,9%.

A Bovespa também aparece na edição do Valor 1000 de 2006 em posições de destaque: é a que apresenta o menor nível de endividamento, tem a 5ª maior margem líquida e o 5º melhor índice de liquidez corrente entre as 1000 maiores avaliadas. Em 2005, teve receita líquida de R$ 204 milhões, crescimento de 30%. O lucro líquido (ou superávit) foi de R$ 131,7 milhões no ano passado, alta de 71%.