Título: Santander Banespa redobra incentivos para servidores
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Finanças, p. C3

A disputa pela conta dos funcionários públicos do Estado de São Paulo avançou, ontem, com o Banco Santander Banespa prometendo cobrir todos os custos que os servidores possam ter para transferir seus salários da Nossa Caixa para o banco. "Bancaremos todos os custos", garantiu Román Blanco, vice-presidente do Santander Banespa, que comanda o grupo especial de 800 pessoas, criado no início do ano para reter a clientela.

A partir de 1 de janeiro, dentro de 138 dias a partir de hoje, os funcionários públicos do Estado de São Paulo, que hoje recebem o salário no Santander Banespa, passarão a ter o pagamento depositado na Nossa Caixa, controlada pelo governo paulista.

A regra estava prevista desde a privatização do Banespa, em 2000, adquirido pelo espanhol Santander pelo preço recorde de R$ 7 bilhões.

Mas o Santander não quer abrir mão desses preciosos clientes, que representam 13% da carteira de 6,7 milhões de correntistas. No Estado todo são 1,1 milhão de servidores, com renda média mensal de R$ 1,6 mil. Desse total, 850 mil servidores são clientes do Santander Banespa e 650 mil recebem o salário pelo banco. Ou seja, 200 mil recebem o salário em outro banco, mas não deixam de ter conta no Santander Banespa.

Segundo a Nossa Caixa, cerca de 700 mil funcionários públicos estaduais já têm conta corrente na instituição. Desde o início do mês, a Nossa Caixa colocou em marcha um esquema escalonado de abertura de conta, conforme o final da carteira de identidade das pessoas, preparando-se para a migração do pagamento dos salários. Para esclarecer os eventuais futuros clientes, está abrindo 40 agências aos sábados. O Santander Banespa contra-atacou deslocando gerentes do comando especial para a porta dessas agências para esclarecer os clientes.

O principal objetivo do Santander neste momento é esclarecer aos funcionários públicos que não precisam abrir conta corrente para receber o pagamento na Nossa Caixa, mas sim apenas a conta-salário.

A diferença não é apenas semântica. A conta-salário dá direito a uma transferência dos recursos depositados e não acarreta cobrança de tarifa. Já a conta corrente permite ao banco cobrar tarifas por serviços como cheque e cartão.

O Santander Banespa receia que o servidor público que tiver que pagar tarifa na Nossa Caixa não manterá também a conta atual. Daí a oferta de cobrir todas as despesas com a transferência do salário da Nossa Caixa para o Santander Banespa - CPMF e DOC ou TED - "se alguém cair na "esparrela", disse o vice-presidente, Miguel Jorge.

Blanco, 42 anos, que trabalha no Santander há três anos, dos quais um e meio no Brasil, veio da consultoria McKinsey e acredita que a experiência que o banco vai passar na virada do ano com a migração das contas é única no mundo. "Será um caso de estudo", afirmou.

Mas os dois bancos acenam com outras armas na disputa. Uma vantagem única, segundo Blanco, é o fato de o Santander ter uma rede internacional de 10,5 mil pontos em 40 países. No próprio Estado de São Paulo, afirma ter uma rede duas vezes e meia maior.

No fim de julho, o banco espanhol lançou um cartão de crédito especial para o servidor, com isenção de anuidade e desconto de 2% nas faturas sobre compras em supermercados e postos de gasolina.