Título: BB e Itaú ampliam as atividades na China
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Finanças, p. C8

A ampliação no comércio entre o Brasil e a China e a crescente presença de empresas brasileiras nesse distante país têm feito os bancos de capital nacional aumentarem sua presença por lá. Não são poucos os executivos sêniores do Banco do Brasil, Itaú BBA e Itaú que incluíram a longa viagem ao país da Grande Muralha como parte de seu dia-a-dia.

Com a quantidade crescente de brasileiros morando na China, o BB já começa a pensar em realizar investimentos para "atendimento maior à comunidade de varejo", explica Augusto Braúna, diretor da área internacional do BB. Hoje, o BB tem atuação no atacado no país e os clientes pessoa-física na China operam com o BB por meio da internet.

"As dificuldades dos brasileiros na China não se resumem à distância e à diferença de fuso horário", diz o vice-presidente da área internacional e de tesouraria do Itaú BBA, Eduardo Vassimon. "As barreiras culturais e lingüísticas são tão grandes que é preciso traduzir a China às empresas brasileiras."

Segundo Vassimon, desde que o Itaú BBA abriu um escritório de representação em Xangai, há cerca de um ano, mais de 30 dirigentes de empresas brasileiras já passaram por lá em busca de contatos e financiamento no mercado interno chinês. A presença do grupo se estende a Hong Kong, onde o Banco Itaú S/A tem uma corretora para vender ações e títulos de dívida aos investidores asiáticos.

Hong Kong tem um mercado de capitais forte e é um centro importante de venda de papéis brasileiros, pois lá e em Cingapura estão concentrados os recursos das pessoas físicas ricas asiáticas, comenta Braúna. O BB têm um escritório de representação em Hong Kong há 20 anos e, em 2003, abriu escritório em Xangai, mais voltado ao financiamento ao comércio exterior. "Temos um acordo com o Banco da China de troca de tecnologia, clientes e informações para cartas de crédito e linhas de comércio exterior", explica Braúna. A idéia agora é realizar mais parcerias com outros bancos chineses.

O Itaú BBA faz empréstimos na China, mas fornece principalmente garantias no crédito de bancos chineses às empresas brasileiras, que são em sua maior parte desconhecidas por lá, diz Vassimon. "É preciso traduzir também o Brasil para os chineses." Parte desse esforço é o seminário que o BB e o Itaú BBA realizam hoje, em Pequim, sobre o sistema financeiro brasileiro. Com apoio da Embaixada Brasileira e da BM&F, o evento contará com a presença convidados do mercado bancário e de capitais na China. Entre os palestrantes, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, Roberto Teixeira da Costa e Luiz Spínola, ambos ex-CVM, e Tereza Grossi, ex-BC.