Título: Para BNDES, crescimento do país será duradouro
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Brasil, p. A6
O Brasil não está condenado ao "vôo de galinha", disse ontem o presidente do BNDES, Demian Fiocca, em palestra no Clube de Engenharia. Na sua avaliação, o cenário atual da economia confirma essa visão mais otimista. "Temos vários indicadores sinalizando que o país vai crescer mais de 3,5%, como a geração de emprego, melhor distribuição de renda, inflação baixa, setor externo robusto e melhora das contas fiscais."
Fiocca mostrou dados da área de Planejamento do banco que provam que o país está vivendo um novo ciclo de desenvolvimento, iniciado em 2004. Entre eles, ressaltou a melhor distribuição de renda. Nas projeções do banco, a parcela dos 50% mais pobres vai ampliar este ano de 12% para 15% sua participação na renda nacional. "O cálculo foi feito levando em conta o impacto do salário mínimo na distribuição de renda, conforme estudo da FGV", disse.
Outro número destacado foi a geração de emprego. De acordo com o trabalho do banco, entre 2004 e 2005 foram criados mais de 2,7 milhões de empregos no mercado formal. Entre 2000 e 2002 a média de empregos formais criados ficou em 700 mil por ano, enquanto entre 2003 e 2005 a média foi de 1,1 milhão. "Estão sendo criados mensalmente, este ano, 100 mil empregos com carteira assinada", informou Fiocca. A seu ver, este é um sinal de confiança do empresariado na continuidade do crescimento. "O emprego formal contribui para o crescimento da produtividade média na economia."
A inflação baixa foi outro fator de fortalecimento da idéia do banco de que o Brasil está preparado para crescer mais de 4% ao ano. A expectativa do banco é de que o IPCA feche 2006 com taxa de 3,8%, abaixo da meta de 4,5% do Banco Central.
Demian Fiocca considera que o setor externo, "porta de entrada" das crises vividas pelo país nas últimas duas décadas, está agora "muito robusto". Do ponto de vista fiscal, evidenciou com números que a trajetória de crescimento da dívida pública em relação ao PIB foi invertida a partir de 2003.
O papel do BNDES nesse cenário favorável é o de estabilizador automático da oferta de crédito dentro da economia, disse Fiocca. Em 2002, lembrou que a retração forte no volume ofertado de crédito privado foi contrabalançada por uma maior oferta de crédito do BNDES. "Se não fosse o banco, a recessão do período poderia ter sido maior." Em 2004, com mais crédito livre, como proporção do PIB, o BNDES, ao estabilizar sua oferta, contribuiu para minorar as oscilações do crédito livre, evitando assim uma alta maior dos juros.
Este ano, seguindo uma política visando reforçar o ciclo de desenvolvimento vivido pelo país, o banco reduziu o custo dos seus empréstimos, criou o programa de agilização de crédito para investimentos e vem elevando o desembolso da sua carteira.
O orçamento do banco em 2006 é da ordem de R$ 56 bilhões, informou Fiocca. No primeiro semestre, foram liberados R$ 18,2 bilhões. Ele crê que o segundo semestre pode ter um desembolso melhor.