Título: UE estuda plano para crescimento
Autor: Moreira,Assis
Fonte: Valor Econômico, 30/04/2012, Internacional, p. A9

A Comissão Europeia prepara um plano de € 200 bilhoes (US$ 265 bilhoes) de investimentos públicos e privados para reativar o crescimento na Europa, em novo sinal de rebelião contra a austeridade imposta pela Alemanha.

Mas a eficácia do plano, revelado pelo jornal espanhol "El Pais", é vista com ceticismo por analistas. Eles duvidam de que a Alemanha e o Banco Central Europeu (BCE) serão capazes de facilitar uma mudança de enfoque na zona do euro, da austeridade para crescimento.

O plano da Comissão é atrair recursos de fundos de pensão e outros investidores por meio, por exemplo, de instrumentos financeiros sofisticados e títulos de divida garantidos pela UE, para financiar projetos de infra-estrutura.

A premiê alemã, Angela Merkel, alterou um pouco sua posição na semana passada, falando de agenda de crescimento. O presidente do BCE, Mario Draghi, também sugeriu ações mais agressivas para acelerar a recuperação econômica.

O fato de autoridades da zona do euro finalmente começarem a reconhecer que austeridade sozinha pode não resolver a crise é considerado encorajador. Mas seria muito otimismo esperar que isso faça muita diferença para as perspectivas econômicas da Europa nos próximos dois anos, avalia Jonathan Loynes, da consultoria britânica Capital Economics. A expectativa é que a zona do euro sofrerá contração de 1% este ano, podendo ser maior ano que vem.

Para Loynes, mesmo se os governos e o BCE colocarem em prática ações mais decisivas para apoiar a economia da região, ainda restam sérias duvidas sobre a eficácia dessas ações.

Para as economias periféricas como Grécia, Portugal e Irlanda melhorarem suas perspectivas de crescimento, precisam recuperar bastante a competitividade que perderam com o euro. E isso tomaria anos ou mesmo décadas. Além disso, no curto prazo, as medidas necessárias para isso, como restringir aumento salarial e preços, podem deprimir o crescimento e exacerbar os problemas fiscais desses países.