Título: Após greve na Receita, volume exportado sobe 9% em julho
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Brasil, p. A6

O volume de exportações do Brasil deu um salto em julho e cresceu 9% ante o mesmo mês do ano passado, revela a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Com a greve dos fiscais da Receita Federal, exportações que deveriam ter ocorrido em maio e junho só aconteceram no mês passado.

De janeiro a julho deste ano, a quantidade embarcada pelo país ao exterior cresceu 3,2% em relação aos primeiros sete meses de 2005 - um pouco acima dos 2% do primeiro semestre. Fernando Ribeiro, economista da Funcex, projeta que o volume de exportações do Brasil deve crescer entre 4% e 5% no ano.

Apesar do bom desempenho de julho, que deve se repetir em agosto, o volume de exportações brasileiras pode crescer abaixo da média mundial este ano, projetada em 7% pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "A tendência é de perda de 'market share' do Brasil", diz Ribeiro. O volume de exportação do país está desacelerando. A quantidade embarcada ao exterior cresceu 9% em 2005 e 19% em 2004.

Por conta do fim da greve da Receita, todas as categorias de uso tiveram uma boa performance em julho. Em relação a julho de 2005, as quantidades exportadas de básicos e semimanufaturados cresceram 10% e de manufaturados avançaram 7,8%. No acumulado do ano, o volume embarcado de manufaturados subiu 4%, de básicos, 3,4% e de semimanufaturados ficou estável.

Thaís Zara, economista da Rosenberg Associados, chama a atenção para a forte exportação de combustíveis. Dados dessazonalizados pela consultoria apontam alta de 32% no volume exportado por esse grupo em julho ante junho. No acumulado do ano, a quantidade enviada ao exterior avança 23%.

Com os volumes de exportação do país em desaceleração, os preços seguem garantindo o vigor da balança comercial, favorecidos pela forte demanda mundial. Em julho deste ano em relação a julho de 2005, os preços dos produtos exportados pelo país cresceram 12,8%. Em semimanufaturados, a alta foi de 20,6%. Os preços dos produtos básicos cresceram 9% e dos manufaturados 12,2%. Nesse último caso, o percentual é expressivo para esse grupo de produtos.

O impacto da greve dos fiscais da Receita Federal também se reflete nos dados de importação. Em julho, o volume importado pelo país disparou 22,3%. No acumulado do ano, a alta é de 14%. Ribeiro projeta um aumento de 15% em 2006. "Só que no caso das importações, o quantum está nitidamente acelerando", diz Ribeiro. Em 2005, a quantidade de bens importados pelo Brasil aumentou apenas 5,4%.

O principal destaque são os bens de consumo duráveis, produtos sensíveis à valorização do câmbio. Em julho, a quantidade importada desses produtos subiu expressivos 114%. No acumulado do ano, a alta também é significativa: 77%. O volume importado de bens de capital cresceu 34% em julho ante julho de 2005 e 29,6% em sete meses. Em bens intermediários, insumo da produção industrial, a alta é de 19% no mês e 13% de janeiro a julho.

Os preços dos produtos importados também subiram, mas menos que na exportação. "Os termos de troca são positivos para o Brasil", diz Ribeiro. A alta é de 7,8% em julho e 7,9% no acumulado do ano. Os preços dos combustíveis puxam a média para cima, com alta 35% de janeiro a julho. No mesmo período, o aumento dos preços de importação fica em apenas 3,4% nos bens intermediários e 3,8% nos bens de consumo duráveis.