Título: Lula arma palanque no Banco do Brasil e diz ser a 'cara do PT'
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Política, p. A10
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de "bobagem" o fato de que, em sua propaganda, o vermelho e a estrela do PT foram trocados pelo verde e amarelo. "Todo mundo sabe que eu sou do PT, sabe que o PT tem a bandeira vermelha, que tem estrela. Nós estamos trabalhando um programa de TV. Não estamos trabalhando para vender camisa ou estrela do PT, mas para vender um candidato".
Para Lula, é estranho achar que a ausência dos tradicionais símbolos petistas seja uma estratégia para esconder o PT. Segundo ele, isso só aconteceria se ele próprio não fosse candidato a presidente: "Eu sendo candidato, todo mundo vai saber, porque eu sou a cara do PT e o PT é a minha cara. Eu tenho muito orgulho disso, não abro mão disso. Até porque fui eu que criei o partido, foi o primeiro partido ao qual me filiei".
Ao chegar a um evento com educadores ontem à noite em Brasília, não quis responder perguntas sobre ética ou segurança pública. Questionado três vezes sobre como esses temas seriam abordados na TV, irritou-se: "É melhor falar sobre o que vamos fazer. Se o povo me conceder um segundo mandato, entraremos nele de maneira muito mais tranqüila promissora", afirmou.
Lula também O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez campanha, ontem, na sede do Banco do Brasil, em Brasília, um dia depois de o banco ter anunciado o lucro recorde de R$ 3,88 bilhões. Cumprimentou funcionários, fez perguntas sobre recursos para o biodiesel, posou para fotos. Dona Marisa Letícia chegou a receber de uma servidora um brinco de prata e cristal. Depois de assistir a um filme sobre o Banco do Brasil, Lula comemorou os resultados da instituição: "Não foram poucas as vezes que a imprensa, sobretudo na época da sanha das privatizações, publicava em letras garrafais os prejuízos do Banco do Brasil: não interessa se ele é um banco público, temos que privatizá-lo definitivamente, porque ele dá prejuízo".
Assim que chegou ao BB, Lula foi para a área de agronegócios. Brincou com os funcionários perguntando se eles estavam em horário de almoço ou de greve. "Vocês nem pensem em fazer greve", falou, sorridente. Em seguida, dirigiu-se ao gerente da divisão de agronegócios do banco, Antonio Pontoglio, que cuida do BB Biodiesel: "Esse é o governo que mais valorizou essa área. Quem viver verá, daqui a uns 15 anos, uma revolução no agronegócio".
Lula assistiu a um vídeo com depoimentos de pequenos agricultores, produtores de mamonas e outros beneficiados pelo Programa Nacional de Agricultura Familiar. "Com a abertura dada pelo governo Lula, nós estamos com juros acessíveis para pagar os empréstimos", disse o caprinocultor Manuel de Antonio.
Lula afirmou que, em umas das viagens presidenciais, ouviu de um produtor rural "que o Banco do Brasil agora recebe gente de sandália como eu". Negou que tenha chamado, em algum momento, o presidente do Banco do Brasil, Rossano Maranhão Pinto, para pedir a nomeação de funcionários, mas para perguntar se era possível baixar mais os juros, ou aumentar a inclusão bancária.
E fez média com os servidores: "Nunca mais vocês ouviram ninguém do governo chamar vocês de marajás. Nós aprendemos que bons funcionários precisam ser bem pagos". Foi aplaudido. No término da cerimônia, um servidor empolgado tentou puxar um Olê, olê, olê, olá, Lula la, Lula la". O presidente olhou e discretamente, fez um sinal negativo com o dedo. *(Do Valor Online)