Título: Oposição vai ao MP com ação contra Okamotto
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2006, Política, p. A10

Os presidentes do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do PPS, deputado Roberto Freire (PE), vão encaminhar ao Ministério Público Federal representação contra o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, por crime de falso testemunho (perjúrio).

Segundo a oposição, Okamotto cometeu perjúrio no depoimento que prestou à CPI dos Bingos, em novembro do ano passado, quando afirmou - sob juramento - nunca ter conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a dívida de R$ 29,4 mil cobrada pelo PT de Lula, quando ele foi eleito presidente e deixou de ser funcionário do partido.

Os partidos de oposição decidiram partir para nova ofensiva contra Okamotto depois que o presidente, em entrevista dada na semana passada ao "Jornal Nacional", da TV Globo, deu outra versão para o episódio. Segundo Lula, ele e Okamotto conversaram sobre a cobrança feita pelo PT. O presidente contou ter dito a Okamotto que não pagaria porque achava que não devia nada ao partido.

"Ora, uma das duas aconteceu: ou o senhor Okamotto cometeu perjúrio nesta Casa, ou o presidente da República mentiu", afirmou Tasso, da tribuna. Para o dirigente tucano, se o presidente do Sebrae mentiu à CPI, deve ir para a cadeia. "Ou ele desmente o presidente ou vai preso", disse. Outra decisão tomada pela oposição é tentar levar Okamotto a prestar depoimento à CCJ do Senado, no esforço concentrado do Congresso da primeira semana de setembro.

O senador José Jorge (PFL-PE), candidato a vice-presidente na chapa do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), explicou, em pronunciamento no Senado, quais são as suspeitas da oposição em relação a Okamotto. "Ninguém sabe de onde veio esse dinheiro. Pagou também a dívida da filha do presidente Lula. É uma espécie de pagador geral do Brasil", disse.

A oposição acha que, com a entrevista de Lula, há um fato novo para pedir novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo bancário de Okamotto, negada na época da CPI dos Bingos.

Em discursos que ocuparam mais de duas horas da sessão de ontem, senadores do PSDB e do PFL aproveitaram o caso Okamotto para acusar o governo Lula de "banalizar" a mentira no país. O exemplo mais recente citado por todos é a relação de obras supostamente inexistentes ou realizadas por outros governos, apresentadas no programa eleitoral da televisão.