Título: Cresce o número de estrangeiros trabalhando no Brasil
Autor: Giardino, Andrea
Fonte: Valor Econômico, 21/08/2006, EU & Investimentos, p. D6

Tramita do no Congresso Nacional um projeto de lei, enviado pelo Ministério da Justiça, que visa facilitar a vinda de estrangeiros que venham trabalhar no Brasil. O novo estatuto pretende atrair mão-de-obra qualificada e também investidores interessados em abrir um negócio no país. Hoje, o cenário é permeado pela grande burocracia na concessão de vistos de permanência. Um visto de trabalho, por exemplo, pode demorar até seis meses para ser concedido. Em geral, as próprias companhias cuidam do processo e da documentação necessária, já que as certidões e os diplomas precisam ser traduzidos para o português.

"A burocracia já foi maior no passado", diz Elisabeth Libertuci, sócia do escritório de advocacia paulista Libertuci Advogados Associados. Segundo ela, na internet existem sites com formulários e contratos padrão a serem apresentados. "São ferramentas que agilizam o pedido de obtenção do visto, mas não resolvem o problema totalmente", diz. "É necessário que projetos como o que tramita no Congresso saiam do papel", defende. E não é para menos. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, entre 1998 e 2005, o número de estrangeiros no Brasil saltou de 13,8 mil para 24,1 mil, representando um crescimento de 75%.

Se a internacionalização das empresas brasileiras têm levado muitos profissionais para o exterior, o movimento inverso - de chegada de estrangeiros ao mercado de trabalho nacional - também acontece de forma intensa nos últimos anos. A maior parte deles é de origem norte-americana (22,9 mil), seguida dos ingleses, alemães e franceses. Outra informação relevante refere-se ao nível profissional de quem desembarca por aqui. Enquanto em 1998, 646 dos estrangeiros tinham cargo de direção ou gerência, em 2005 esse número subiu para 939.

Para Betânia Tanure, professora da Fundação Dom Cabral, além desse movimento há outra questão a ser considerada. "A internacionalização exige que não só brasileiros sejam transferidos para fora, mas também é fundamental trazer gente de fora para cá", afirma. "Se as empresas nacionais querem ser globais, precisam ter pessoas de outros lugares para haver troca de experiência."

A realidade, no entanto, mostra um cenário pouco favorável. Na opinião de Betânia, a burocracia da legislação brasileira atrasa a concessão de vistos e impede que o conjugue do "impatriado" (estrangeiro que vem trabalhar no Brasil) trabalhe no país, por exemplo. Problemas que podem atrapalhar os planos de muitas empresas ouvidas na pesquisa, já que 70% afirmaram ter planos de aumentar o volume de "impatriações" nos próximos cinco anos. (AG)