Título: Cooperativas procuravam um parceiro "mais sólido"
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 21/08/2006, Agronegócios, p. B12

A possibilidade de diversificar a produção e ampliar o crescimento levou a Perdigão à Batávia. Mas o que as cooperativas acionistas da Batávia - Cooperativa Central de Laticínios do Paraná Ltda (CCLPL) e Agromilk -, viram na Perdigão?

Após uma experiência "decepcionante" com a Parmalat como sócia, as cooperativas queriam um parceiro "mais sólido", diz Jacob Vink presidente da CCLPL, que detém hoje 45,3% do capital da Batávia. Ele conta que quando a empresa vendeu 51% do controle à Parmalat, em 1998, o laticínio buscava um parceiro "para somar". Mas de lá até 2004, quando a Parmalat foi afastada do controle da Batávia por decisão judicial, a empresa só registrou prejuízo.

A situação mudou nos últimos 18 meses, depois do afastamento da Parmalat. No ano passado, a Batávia faturou R$ 639,9 milhões, 13,9% de aumento sobre 2004 e conseguiu um lucro de R$ 13,692 milhões. No ano anterior, registrara prejuízo de R$ 8,245 milhões. Em junho passado, mês que já foi considerado no balanço consolidado da Perdigão, a Batávia faturou R$ 61 milhões e lucrou R$ 2 milhões.

Ao aceitar a proposta da Perdigão, os acionistas minoritários da Batávia foram, antes de tudo, pragmáticos. Conforme Jacob Vink, com a Perdigão como controladora, a Batávia "tem chance de expandir sem muito esforço".

Franke Dijkstra, produtor e diretor-presidente da Cooperativa Batavo (que faz parte da CCLPL), afirma que a Perdigão tem o conhecimento do mercado, o que é fundamental para alavancar as vendas. "Quem sabe produzir, que produza. Quem sabe levar até o mercado, que o faça", diz Dijkstra, referindo-se às cooperativas e à Perdigão. "O interesse é o mercado e ter preço para nosso leite", acrescenta. A CCLPL fornece cerca de 250 mil litros de leite por dia à Batávia, de uma produção total diária da ordem de 600 mil litros.

Vink afirma que o fato de já conhecerem a Perdigão também estimulou as cooperativas a aceitarem o negócio. Ele explica que grande parte dos associados das três cooperativas que formam a CCLPL - Arapoti, Batavo e Castrolanda - é também integrado da Perdigão na operação de aves e suínos de Carambeí.

Essa operação, aliás, foi adquirida pela Perdigão da Batávia. Em em 2000, quando a Batávia concentrou a operação em laticínios, a Perdigão comprou 51% das ações de sua área de carnes e em 2001 adquiriu o restante. As duas operações - frigorífico de carnes e laticínios - funcionam lado a lado, em Carambeí, o que garante sinergia operacional entre elas e acabou contribuindo também para o negócio ser concretizado.

Jacob Vink e Franke Dijkstra rodeiam quando questionados se as cooperativas poderiam se desfazer dos 49% de participação na Batávia. "Temos uma ligação forte com a indústria, queremos ver o crescimento juntos", diz Vink. Mas ele admite, ainda que em tom jocoso, que "tudo está à venda", pelo menos em sua propriedade. (AAR)

A jornalista viajou a convite da Batávia