Título: Sob nova direção, Batávia acelera avanço
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 21/08/2006, Agronegócios, p. B12

A aquisição de 51% da Batávia pela Perdigão, em junho deste ano, deve levar o laticínio, cuja sede fica em Carambeí (PR), mais cedo ao grupo de empresas que fatura R$ 1 bilhão no país. Também deve permitir à companhia, que ainda tem 49% do capital nas mãos de cooperativas, buscar o tão desejado posto de líder de mercado no segmento nacional de refrigerados lácteos, como iogurtes, sobremesas e petit-suisse.

As previsões, ambiciosas, mas viáveis, são do diretor-geral da Batávia, José Antonio do Prado Fay, que foi mantido à frente da empresa depois que a Perdigão adquiriu os 51% que a Parmalat detinha na Batávia, numa operação que envolveu a transferência do controle da Parmalat para o fundo de investimentos Latin America Equity Partners (Laep).

"A Batávia faz parte da estratégia de crescimento da Perdigão", resume Fay. Sendo assim, diz, a empresa deve ser beneficiada com novos investimentos para crescer e pela sinergia com uma estrutura de distribuição que hoje atinge 60 mil pontos-de-venda. A Batávia está em 20 mil pontos e já seria bastante beneficiada se alcançasse outros 10 mil, observa. "A distribuição pode alavancar nossa posição de mercado. (...) Hoje é possível buscar ser líder", prevê o executivo. Atualmente, a Batávia tem participação de 12,9% do mercado nacional de refrigerados lácteos, atrás de Nestlé e Danone, que se revezam com fatias de 18% a 19%, de acordo com Fay.

Ele admite que antes da chegada da Perdigão, os planos de crescimento da Batávia eram "tímidos" porque a empresa "não tinha acesso a linhas [de crédito] de longo prazo", devido à disputa societária que tinha com a Parmalat. A briga começou em 2004, quando, por conta da crise da Parmalat, as cooperativas sócias - Cooperativa Central de Laticínios do Paraná Ltda (CCLPL) e Agromilk - entraram na Justiça e conseguiram excluir a Parmalat do controle da Batávia, alegando que a crise da companhia italiana poderia comprometer seus negócios.

Hoje, como controlada da Perdigão - "sem conflito acionário e com balanço saudável" -, a Batávia deve receber investimentos, ainda não definidos, e pode alcançar antes a meta de R$ 1 bilhão de faturamento. "O plano antes era chegar a R$ 1 bilhão em 2009. Agora pode acontecer em dois anos".

O trabalho de Fay neste momento é principalmente reconhecer os gargalos da Batávia. O que já se sabe é que a empresa precisa ampliar a capacidade das linhas de refrigerados, que hoje têm 200 produtos no mercado. O executivo estima que seria necessário um aumento de 15% a 20% na capacidade de produção - cujo número ele não informa - para obter uma participação de 17% no mercado de refrigerados no país.

Além de expandir linhas de produção - o que já começou com a aquisição de cinco máquinas de envase antes da chegada Perdigão -, Fay admite que não está descartada a construção de uma nova unidade ou mesmo uma aquisição. "Estamos estudando tudo", despista o executivo.

Afora a planta paranaense de Carambeí, onde produz refrigerados, como iogurtes, petit-suisse, leites especiais, sobremesas e leite longa vida, a Batávia conta com uma unidade em Concórdia (SC), apenas para produção de longa vida. A empresa capta atualmente cerca de 240 milhões de litros de leite ano nas regiões em que atua no Paraná e em Santa Catarina.