Título: Pequena empresa influi no lucro de R$ 686 mi do ABN
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 22/08/2006, Finanças, p. C10

A explosão do crédito para pequenas empresas puxou o resultado do Banco ABN AMRO Real, no primeiro semestre. O banco teve um lucro líquido de R$ 686 milhões, 22% superior aos R$ 561 milhões de igual período de 2005. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio ficou em 19,7%.

O resultado teria sido 20% superior e atingido R$ 830 milhões não fosse o investimento de R$ 110 milhões líquido de impostos feito na terceirização dos serviços de tecnologia da informação para a americana IBM e a indiana Tata; e o impacto negativo de R$ 34 milhões da operação de proteção cambial ao capital. No primeiro semestre de 2005, os resultados do banco já haviam sido negativamente afetados em R$ 119 milhões com a operação de hedge cambial do capital.

"O crescimento do crédito foi muito importante para o resultado. Conseguimos aumentar também nossa fatia de mercado", disse o presidente do ABN AMRO Real, Fábio Barbosa.

A carteira de crédito do banco cresceu 28% para R$ 49,393 bilhões nos doze meses terminados em junho, ampliando a participação de mercado de 5,9% em dezembro de 2004 para 6,6%.

O principal destaque foi o salto de 44% no crédito para pequenas empresas, que atingiu R$ 9,188 bilhões. O desempenho desse segmento, disse Barbosa, "está em linha com a dinâmica da economia", que cresce mais na região Nordeste, e com a expansão maior da renda nas classes mais baixas. Já as operações empresas médias e grandes cresceram 27% para R$ 12,701 bilhões

O crédito para as pequenas empresas cresceu mais do que para as pessoas físicas - vedetes do mercado neste ano - cuja carteira aumentou 25,7% para R$ 19,739 bilhões. Um destaque foi o financiamento imobiliário que aumentou 27,4% para R$ 1,725 bilhão, ampliando a fatia de mercado do banco de 4,8% para 5,5%.

A expectativa de Barbosa é que a carteira de crédito do ABN AMRO Real feche o ano com expansão de 20% a 25%. Isso não quer dizer, porém, que uma desaceleração em relação aos níveis atuais mas sim que a base de comparação é mais elevada.

O banqueiro conta com algum impacto positivo das medidas em estudo pelo governo para a redução do spread bancário e estímulo do crédito, especialmente da viabilização do cadastro positivo, que ajudará a reduzir a inadimplência nos bancos.

A inadimplência cresceu, explicou, como consequência da expansão do crédito para segmentos mais arriscados e aumento do endividamento. No ABN AMRO, o percentual de créditos classificados de D a H, com mais de 61 dias de atraso, subiu dois pontos para 8%; e o percentual com mais de 91 dias de atraso, passou de 4,93% para 6,21% do total. Com isso, o banco teve que aumentar em 65% as despesas com provisões para devedores duvidosos para R$ 1,19 bilhão. Já o saldo das provisões cresceu 40% para R$ 2,246 bilhões, equivalente a 4,5% da carteira total.

A venda de R$ 900 milhões créditos para grandes empresas vencidos, acertada na semana passada, só terá impacto no balanço deste trimestre. Com a expansão do crédito, outras podem ser realizadas, disse Barbosa..