Título: China acena com acordo em disputa por terras-raras
Autor: Yap ,Chuin-Wei
Fonte: Valor Econômico, 26/04/2012, Internacional, p. A13

A China deu o que pode ser um sinal de paz para EUA, Japão e Europa na disputa comercial pelas terras-raras, ainda que tenha defendido o controle de exportação.

O ministro chinês da Indústria e da Tecnologia de Informação convidou companhias estrangeiras a se unir a empresas locais em sociedades de tecnologia de terras-raras, principalmente de projetos de proteção ao meio ambiente.

"As [capacidades] dos EUA, do Japão e da Europa em gestão ambiental, reciclagem, pesquisa de tecnologia e desenvolvimento de aplicações de ponta são bem-vindas na China", disse o porta-voz do ministro Zhu Hongren durante uma entrevista coletiva on-line.

A China controla quase toda a produção mundial de terras-raras - um grupo de 17 minerais usados em produtos de alta tecnologia que vão desde computadores pessoais até armas avançadas - mas quer subir na cadeia de valor para se tornar fabricante de produtos à base de terras-raras, além de fornecedora de minerais.

Como parte dessa estratégia, o país convidou repetidas vezes empresas estrangeiras para formar sociedades locais no negócio de terras-raras, tanto para alavancar sua própria capacidade tecnológica quanto para atender a reclamações de estrangeiros sobre as cotas dos minerais.

Mas esse gesto mais recente, com ênfase nas tecnologias ambientais e tendo foco exclusivo nos EUA, União Europeia e Japão - os quais no mês passado abriram um processo sobre terras-raras na Organização Mundial do Comércio - como potenciais colaboradores, parece ser uma iniciativa pelo menos em parte concebida para responder às queixas da OMC.

Pequim quer "empresas estrangeiras avançadas com tecnologia e capital fortes" para estabelecer "intercâmbios e cooperação" para o "desenvolvimento conjunto da indústria de terras-raras", disse Zhu.

A iniciativa não representa um afrouxamento pela China de seus controles de exportação de terras-raras. De fato, um especialista viu duas explicações para ela.

"Pode haver dois elementos", disse Michael Komesaroff, um especialista na indústria chinesa de metais da empresa Urandaline Investments. "Um é que os chineses podem genuinamente estar interessados em proteger mais o ambiente e acreditam que podem aprender com as tecnologias estrangeiras. Outro é que isso seja uma bandeira branca por causa da queixa comercial que os EUA e a UE apresentaram à OMC."

As tensões mundiais em torno dos controles da China sobre as terras-raras atingiram seu ponto crítico em 2010, quando o país reduziu em cerca de um terço as suas cotas de exportação. A decisão fez o preço das terras-raras disparar e deixou o mundo ainda mais apreensivo com o domínio chinês do setor.

A China vem alegando que suas políticas são mais motivadas pelas necessidades ambientais do que pelas econômicas.

"Gastam-se sete toneladas de ácido para produzir um tonelada de óxidos de terra-rara, e a produção gera amônia, metais pesados e outros poluentes", afirmou Zhu. "Nossas políticas visam inteiramente a proteção do ambiente, dos recursos e do desenvolvimento sustentável" e "estão de acordo com as regras da OMC", disse ele.