Título: Motorola amplia produção no Brasil
Autor: Fuoco, Taís
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2006, Empresas, p. B3

A Motorola elegeu o Brasil e a China como pólos de produção para abastecer boa parte da demanda mundial e tornar a companhia americana mais competitiva, dentro de uma estratégia que também inclui uma "racionalização na cadeia de suprimentos", afirmou ontem o presidente mundial da empresa, Edward Zander, em encontro com a imprensa brasileira.

A fábrica local, instalada em Jaguariúna (SP), completou 10 anos neste mês. Nesse período, a companhia investiu US$ 500 milhões na unidade, além de outros US$ 227 milhões em pesquisa e desenvolvimento.

Neste ano, a companhia está promovendo uma ampliação de até 40% na capacidade produtiva da unidade para incrementar as exportações, já que o crescimento do mercado local está mais lento do que nos dois anos anteriores. Por isso, a Motorola tem por meta dobrar neste ano a receita com exportações, que foi de US$ 1,06 bilhão em 2005.

Até julho, ela gerou mais de US$ 700 milhões de receita com as vendas externas de celulares. Segundo Enrique Ussher, presidente da subsidiária brasileira, "para qualquer exportador, o assunto do câmbio é uma preocupação", mas unidade local assumiu o compromisso de "ser tão competitiva quanto os asiáticos".

Além disso, Ussher salientou que "não é uma situação eventual de câmbio que vai mudar a estratégia da companhia", que fez da fábrica em Jaguariúna um pólo de exportação, especialmente para a América Latina.

Zander citou que, com uma teledensidade de cerca de 49 celulares para cada cem habitantes no Brasil (números de julho, divulgados pela Anatel), a Motorola "ainda vê muitas oportunidades de crescimento" no país.

Ele afirmou que os investimentos já feitos em dez anos de manufatura no país "mostram o comprometimento da companhia com o Brasil". O país representa, segundo ele, "um dos maiores investimentos da Motorola fora dos Estados Unidos".

O sucesso do celular de espessura fina Razr, que vendeu mais de 50 milhões de unidades em dois anos em todo o mundo, estimulou a Motorola a focar no design fino e na produção de baixo custo como parte de suas armas para elevar as vendas nos próximos meses.

A companhia, segunda maior fabricante mundial de celulares, atrás apenas da finlandesa Nokia, lança mundialmente no último trimestre deste ano o Motofone, celular ainda mais fino que o Razr - são 9 milímetros de espessura ante os 14 milímetros do antecessor -, com funções simplificadas, que chegará ao país em novembro, segundo estimativas do presidente da subsidiária brasileira. No Brasil, a estimativa é de que o aparelho chegue às operadoras a um preço entre R$ 110 e R$ 149.

Zander chegou a defender, em seminário realizado em Barcelona no início deste ano, uma redução de impostos por parte dos governos para a telefonia móvel como forma de estimular a adoção do serviço nos países emergentes. Ele citou uma pesquisa da London Business School que diz que cada dez novos usuários de celular em um grupo de cem promovem um crescimento de 0,6% no PIB por ano.