Título: Stora Enso fica com fábrica da Inpacel
Autor: Vieira, André
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2006, Empresas, p. B6

Depois de perder a disputa pela Ripasa no fim de 2004, a Stora Enso, maior fabricante de papel da Europa, anunciou ontem a compra de uma fábrica no Brasil. Por US$ 415 milhões, a empresa sueco-finlandesa adquiriu os ativos da antiga Inpacel, da International Paper (IP), em Arapoti (PR).

"O resultado das empresas brasileiras [do setor de papel e celulose] é quase sempre melhor e isso fez parte do nosso argumento pela compra da Inpacel", disse o presidente da Stora Enso na América Latina, Nils Grafström. A Stora Enso foi a primeira fabricante a demonstrar interesse público pela Inpacel quando a IP a colocou à venda, conforme publicou o Valor no dia 27 de julho de 2005.

A Inpacel, que teve receita líquida de US$ 228 milhões em 2005, é a única fabricante na América Latina de LWC, um papel couchê de baixa gramatura usado em revistas, folhetos e catálogos. Sua capacidade de produção atinge 205 mil toneladas anuais, suficiente para abastecer o Brasil e gerar exportações para Argentina e Chile.

No pacote, a Stora Enso também levou uma serraria com capacidade 150 mil metros cúbicos e uma floresta de 50 mil hectares, das quais 30 mil hectares com plantio, principalmente de pinus. Os ativos faziam parte da Vinson Indústria e Vinson Agrícola, empresas que sucederam a Inpacel. O Citibank assessorou a Stora Enso, e o Credit Suisse, a IP. A Stora analisará o destino da serraria.

Segundo o vice-presidente de operações da Stora Enso, Glauco Affonso, a intenção é racionalizar a linha de produção da Inpacel conforme a estratégia global da companhia que já produz esse tipo de papel. "Na França, foram fechadas duas plantas de produção deste papel na Stora Enso." As importações também devem ser reduzidas. Hoje, a empresa traz 100 mil toneladas de papel do exterior, das quais 20% do mesmo tipo de papel produzido pela Inpacel. A marca será mantida e não estão previstas demissões dos 700 funcionários.

Com o negócio, as vendas da Stora Enso na região latino-americana devem dobrar. Elas representavam apenas 1% da receita global de US$ 16 bilhões obtida pela companhia sueco-finlandesa no ano passado. A aquisição marca também a presença mais direta da Stora Enso no mercado brasileiro.

Ela tentou comprar a Ripasa, mas na última hora perdeu a disputa para a Votorantim e Suzano. Desta vez, mostrou-se mais flexível. A oferta inicial era de US$ 350 milhões, mas elevou a proposta para mais de US$ 400 milhões depois de a finlandesa UPM entrar na disputa. Saiu vencedora.

A Stora Enso está migrando os investimentos para países emergentes como o Brasil, Uruguai e China em busca de matérias-primas mais vantajosas. A companhia está comprando terras na Bahia prevendo a duplicação da Veracel, joint-venture com a Aracruz para produção de celulose que entrou em operação em maio de 2005. Adquire ainda fazendas no Rio Grande do Sul e Uruguai para plantar e erguer, em meados da próxima décadas, fábricas de celulose. "O custo da madeira [nestes mercados] é a metade do que nos países nórdicos", disse Grafström.

Com a venda da Inpacel, a IP deve anunciar até o fim de setembro o acordo para Três Lagoas (MS). A companhia americana estuda montar uma fábrica para produção de papel utilizando celulose a ser fornecida pelo comprador de sua base florestal que terá de erguer também uma unidade de celulose na região. A IP estuda também alternativas para seus investimentos no Amapá onde produz cavacos de madeira. "Neste segundo semestre, vamos concluir nossa estratégia no Brasil de focar em embalagens e papel de imprimir e escrever", disse o presidente da IP no Brasil, Máximo Pacheco. (Colaborou Raquel Balarin)