Título: CCR e Brisa unem-se para atuar no exterior
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 10/08/2006, Empresas, p. B1

A Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) dá os primeiros passos rumo à internacionalização de seus negócios. A empresa anuncia hoje uma parceria com a operadora portuguesa de estradas Brisa para participar de licitações nos Estados Unidos e no Canadá.

Hoje, a Brisa já detém 17,9% da CCR. Mas o memorando de entendimentos que deve ser assinado nesta quinta-feira em São Paulo prevê que as duas companhias deterão participações iguais na empresa que irá explorar oportunidades na América do Norte.

"Preferimos concentrar esforços e ganhar uma dimensão maior para disputar as concessões do maior mercado do mundo", afirma Renato Alves Vale, diretor-presidente da CCR. Os financiamentos, por exemplo, podem se tornar mais baratos com a parceria.

Antes de a CCR decidir se internacionalizar no ano passado, a Brisa já vinha participando de concorrências nos Estados Unidos. A operadora portuguesa está inclusive envolvida em uma licitação em parceria com a inglesa Balfour Beatty para ganhar a concessão de uma pista de 18,4 km (SH 161), no Texas, que prevê investimentos de US$ 525 milhões. A CCR pode vir a participar desse projeto.

Hoje, a maior parte das estradas nos Estados Unidos é operada pelo próprio governo. Agora, tanto essas rodovias quanto novos projetos estão sendo concedidos à iniciativa privada. "Algumas vezes, um único Estado americano reúne mais oportunidades de concessão do que o Brasil inteiro", diz Vale.

Mas o projeto de internacionalização da CCR não deve parar no Canadá e nos Estados Unidos. O Valor apurou que a concessionária brasileira foi qualificada para participar de uma concorrência no México de uma estrada de 95 km, ligando as cidades de Saltillo e Monterrey. O governo prevê desembolsos de cerca de US$ 270 milhões da companhia vencedora. Nessa empreitada, a CCR está em um consórcio com um grupo local, o La Nacional.

A expansão dos negócios da concessionária também extrapola o setor de estradas. Ontem, a proposta da CCR para a parceria público-privada (PPP) da Linha 4 do metrô de São Paulo foi considerada a melhor pelo governo estadual. (ver texto ao lado)

"A expansão das atividades faz parte do projeto definido no ano passado pelos controladores de dobrar o valor de mercado da CCR até 2010", diz o presidente. No fim de 2005, a CCR valia cerca de R$ 6,5 bilhões. Ontem, estava cotada em bolsa a R$ 7,9 bilhões.

No Brasil, a CCR está à espera da publicação dos editais das concessões federais, que estão desde o ano passado parados. "Íamos para o exterior de qualquer forma, mas, diante da indefinição no Brasil, aceleramos o plano", explica Vale.

Para financiar seus projetos, a holding de concessões pretende usar instrumentos de dívida. "A companhia está bastante desalavancada hoje", afirma Ricardo Froes, diretor de relações com investidores da CCR.

No fim do primeiro trimestre, a CCR tinha um caixa de R$ 316,6 milhões para um endividamento de curto prazo de R$ 260,2 milhões entre empréstimos, financiamentos e debêntures. No longo prazo, a empresa devia R$ 1,1 bilhão.