Título: Menor desemprego em 18 anos
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 28/10/2010, Cidades, p. 49

A taxa chegou a 13%, em setembro, contra 13,4% em agosto. De acordo com a pesquisa do Dieese, é a mais baixa dese 1992. Nos últimos 12 meses, o número de profissionais com carteira assinada somou 56 mil no Distrito Federal

O desemprego no Distrito Federal atingiu em setembro o menor índice desde o início da série histórica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 1992. A taxa recuou pelo quarto mês consecutivo e chegou a 13%, contra 13,4% em agosto. Até então, o recorde havia sido registrado em dezembro de 1994: 13,2%. A Secretaria de Trabalho divulgou ontem a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED).

No mês passado, foram criados no DF 13 mil novos postos de trabalho. A população economicamente ativa (PEA) apta a trabalhar ganhou nove mil pessoas. O número de desempregados, no período, fechou em 184 mil, 4 mil a menos do que no mês anterior. Alcançamos um patamar histórico. Temos o menor índice de desemprego dos últimos 18 anos, reforçou o secretário de Trabalho, Takane Nascimento.

A menor taxa anual de desemprego no DF foi observada em 1994: 14,2%. O economista do Dieese Tiago Oliveira acredita que o recorde será batido este ano. A previsão é chegar a dezembro com um índice de 12%. Há uma tendência de queda, que reflete o bom desempenho econômico do país, comenta. O desemprego vem caindo com mais frequência no grupo de renda mais baixa, composto por Brazlândia, Ceilândia, Samambaia, Paranoá, São Sebastião, Santa Maria e Recanto das Emas.

Em setembro, a queda do desemprego foi puxada, principalmente, pelo setor de administração pública. De acordo com o Dieese, 4 mil pessoas tomaram posse em órgãos públicos no mês, um avanço de 3,5% ante agosto. A construção civil, impulsionada pelo aquecimento do mercado imobiliário e pela continuidade de obras do governo local, abriu 2 mil oportunidades, um acréscimo de 3,1% na comparação com o mês anterior.

Novas vagas Os setores de comércio e serviços também contribuíram para a redução do índice, com a criação de 4 mil e 2 mil postos de trabalho, respectivamente. Ambos começaram a reforçar o quadro de funcionários de olho no aumento da demanda esperado para o fim de ano. A indústria foi a única a reduzir o nível ocupacional em setembro: menos 2 mil oportunidades, um recuo de 4%. Outros setores avançaram 0,9%, com mil postos de trabalho criados.

Entre os segmentos que integram o setor de serviços, bares e restaurantes foram os que mais contrataram. Juntos, abriram 6 mil vagas, o que representa um aumento de 7,1% frente ao cenário de agosto. Depois de cinco meses sem emprego, Leonardo Rodrigues, 23 anos, conseguiu, em setembro, uma oportunidade para ser garçom em um bar da Asa Sul. Fichado, eu durmo despreocupado. Ainda bem que não vou virar o ano desempregado, comemorou.

Com duas crianças em casa uma de cinco e outra de dois anos , a maranhense Francemilde da Silva, 23 anos, amargou um mês sem emprego e salário. Foi o suficiente para atrasar o pagamento do aluguel, da luz e do gás. No primeiro dia de setembro, ela conquistou uma vaga de garçonete em um restaurante também na Asa Sul. Agora é só sossego. Ter comida em casa e as contas em dia é o que, no fundo, interessa, disse a jovem, que dorme, em média, quatro horas por dia.

Ao mesmo tempo em que a taxa de desemprego cai, cresce o emprego formal no DF. Nos últimos 12 meses, do total de 65 mil postos de trabalho criados no setor privado, 56 mil cerca de 86% foram com carteira assinada. No mesmo período, 11 mil pessoas deixaram os serviços domésticos e passaram a trabalhar fichadas. O tempo médio de procura por emprego recuou de 58 semanas, em setembro de 2009, para 49 semanas, no mês passado.

O rendimento médio real dos ocupados aumentou 1,6% em agosto (nesse tópico, o Dieese sempre analisa o mês anterior), sendo estimado em R$ 1.956. Na comparação com as demais regiões metropolitanas pesquisadas, o DF apresentou, em setembro, uma taxa de desemprego superior à registrada em Belo Horizonte (7,6%), Porto Alegre (8,5%), Fortaleza (8,7%) e São Paulo (11,5%). O índice é menor apenas do que o verificado em Recife (15,3%) e Salvador (16,2%). O percentual médio no mês ficou em 11,4%, contra 11,9% em agosto.

Estudo A PED é feita mensalmente em domicílios do DF e de mais seis regiões metropolitanas do país. No DF, técnicos do Dieese visitam cerca de 2,9 mil residências. São coletadas informações de moradores com 10 anos de idade ou mais.