Título: Reestruturação reduz lucro do Pão de Açúcar
Autor: Facchini, Claudia
Fonte: Valor Econômico, 10/08/2006, Empresas, p. B4

Os investidores reagiram mal ao balanço do Pão de Açúcar, cujo lucro líquido foi 36% menor no segundo trimestre se comparado ao de igual período de 2005. Ontem, as ações preferenciais da varejista, a maior do país, caíram 4,7% e fecharam o pregão a R$ 61,50 o lote de mil. O papéis já vinham apresentando um fraco desempenho, acumulando quedas de 5,4% neste mês e de 19,5% ao longo de 2006.

Hoje pela manhã, a administração da empresa realiza uma teleconferência com analistas de investimento. Além de Abilio Diniz, presidente do conselho de administração, e de Cássio Casseb, presidente executivo do grupo, também participam da reunião Enéas Pestana, diretor executivo administrativo financeiro, e Hugo Bethlem, diretor executivo responsável pelas bandeiras de supermercados CompreBem e Sendas, bem como a diretora de relação com investidores, Daniela Sabbag.

As presenças desses executivos não são casuais. Tanto o processo de reorganização da empresa, que está sob o guarda-chuva de Pestana, quanto a rede carioca Sendas, que está sob a direção de Bethlem, foram responsáveis em parte pela queda nos resultados.

A companhia registrou gastos extraordinários além dos esperados pelo mercado com a reestruturação dos seus negócios. Foram desembolsados R$ 25,2 milhões com o fechamento de 18 lojas não-rentáveis ao longo do trimestre, sendo que três delas eram Sendas e duas Comprebem. No entanto, 13 dos supermercados desativados eram da bandeira Pão de Açúcar, que teve ainda duas lojas convertidas para a marca Comprebem.

Os resultados do trimestre ficaram aquém das expectativas dos analistas da Merrill Lynch e do Credit Suisse, que divulgaram ontem relatórios sobre a varejista. Mas o Pão de Açúcar não é um "caso isolado", aponta a Merril Lynch, lembrando que as demais redes também apresentaram um fraco desempenho nas vendas em lojas comparáveis. O setor está sendo afetado pela deflação nos preços dos alimentos.

Em todo o primeiro semestre, o ganho do Pão de Açúcar foi de R$ 101,2 milhões, ou 17% inferior ao obtido na primeira metade de 2005. No segundo trimestre apenas, a empresa lucrou R$ 41 milhões. Suas vendas no período cresceram só 2,5% nas lojas em operação há um ano. O Carrefour também registrou um pequeno crescimento nas vendas, de 2,8%.

No entanto, o Pão de Açúcar enfrenta alguns percalços. E uma das pedras no sapato é a Sendas, rede na qual detém 50%. O Carrefour também passou por maus momentos no Rio, que culminaram com o fechamento dos seus supermercados Champion.