Título: CSN planeja entrar no mercado de vergalhões, dominado pela Gerdau
Autor: PN
Fonte: Valor Econômico, 10/08/2006, Empresas, p. B6

Benjamin Steinbruch, presidente e principal acionista da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), resolveu comprar briga no mercado brasileiro de aços longos, terreno dominado pela Gerdau e Arcelor Brasil e que movimentou, no ano passado, cerca de 6 milhões de toneladas. Ontem, a empresa anunciou investimentos de US$ 113 milhões para montar uma unidade de produção de vergalhões, perfis e fio-máquina, no complexo industrial de Volta Redonda (RJ).

A usina foi projetada para 500 mil toneladas anuais e deve ficar pronta 18 meses após a contratação das obras. "A construção civil é um mercado em expansão e podemos utilizar equipamentos e matérias-primas que já estão disponíveis", afirmou Otavio Lazcano, diretor executivo da CSN. Para ganhar mercado, deve contar com a rede da Inal, uma distribuidora controlada pela empresa.

Os investimentos no filão da construção civil não param por aí. A empresa decidiu ampliar de US$ 42 milhões para US$ 185 milhões os aportes para o projeto de produção de cimento. Dessa forma, a CSN também quer aumentar a utilização de subprodutos provenientes das atividades de mineração e siderurgia. No fim de 2007, deve ser concluída a unidade de moagem em Volta Redonda. Um ano depois, ficará pronto o forno de clínquer, com capacidade de processamento de 825 mil toneladas por ano em Arcos (MG). Até 2010, pretende chegar à produção de 3 milhões de toneladas de cimento, o equivalente, hoje, a quase 10% do consumo nacional.

Com folga de caixa (de US$ 1,9 bilhão no fim do primeiro semestre), a empresa já cogita ampliar em 50% as dimensões das duas usinas de placas que serão levantadas no Rio de Janeiro ou em Minas Gerais - para 4,5 milhões de toneladas cada. No início do ano, a CSN anunciou o projeto de construção de duas usinas com capacidade de produção de 3 milhões de toneladas cada, com investimentos previstos de US$ 3,3 bilhões. "Os estudos do projeto básico ainda estão sendo realizados e, se detectarmos que o investimento é oportuno, vamos levá-lo para análise do conselho de administração", disse Juarez Saliba, diretor de mineração.

A confortável situação financeira também faz com que a empresa "não precise" alienar parte do capital da mina de Casa de Pedra para dar forma aos seus projetos. "Mas é uma alternativa que avaliamos seriamente", afirmou Lazcano. "É uma forma de dar o valor real ao ativo de mineração". O executivo disse que até o fim do ano a empresa decidirá se vende parte do negócio a um parceiro estratégico ou se lança ações em bolsa. Analistas de banco que cobrem o setor estimam que Casa de Pedra possa valer cerca de US$ 3 bilhões.

Até o fim do ano a CSN espera receber das resseguradoras toda a indenização do acidente do alto forno 3, ocorrido em janeiro. Segundo Lazcano, a empresa já recebeu a garantia de cobertura plena do sinistro e já recebeu US$ 75 milhões adiantados. Serão aproximadamente US$ 100 milhões por danos materiais e outros US$ 500 milhões por lucros cessantes.

A paralisação do alto forno ainda teve reflexos nos resultados do segundo trimestre. O volume de venda no período caiu 18%, de 1,13 milhão de toneladas para 933 mil toneladas. A receita caiu 24,6% para R$ 1,9 bilhão. A queda no lucro foi de 2,3%, para R$ 409 milhões.

No semestre, vendeu 1,9 milhão de toneladas, 17,3% a menos que em 2005. A receita líquida, de R$ 3,8 bilhões, foi 28,4% menor e o lucro caiu de R$ 1,1 bilhão para R$ 750 milhões. A geração operacional de caixa (lajida) foi de R$ 477 milhões no segundo trimestre e de R$ 1,2 bilhão no ao. Em julho, a CSN reajustou entre 8% e 12% as vendas ao mercado interno. O laminado a quente passa a valer US$ 680 a tonelada, em média.