Título: Fundos buscam expansão mundial; Brasil é destino
Autor: Silva, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 10/08/2006, Finanças, p. C6

Os fundos de private equity e de venture capital (carteiras que compram participações em empresas) querem expandir seus investimentos para outros países e regiões do planeta. Brasil, Índia e países do Leste Europeu e da Ásia aparecem como os locais preferidos. Dos gestores globais, 56% têm planos de expansão para os próximos cinco anos, mostra um pesquisa da Deloitte, que ouviu, em abril e maio, 505 gestores destes fundos no mundo todo (16 deles no Brasil).

Os fundos prometem investir bilhões de dólares nos próximos cinco anos. No Brasil, as carteiras de private equity devem movimentar cerca de US$ 1 bilhão em 2006 e 2007, o dobro do que movimentavam nos últimos anos, segundo levantamento da ABVCap, a associação brasileira dos gestores destas carteiras. Em 2010, quando o país já contar com a classificação "grau de investimento", o valor pode ultrapassar os US$ 3 bilhões. No Reino Unido, os investimentos somaram US$ 2,8 bilhões em 2005, voltando a patamares antes do 11 de setembro e do estouro da bolha de internet.

"Há uma nova onda de investimentos desses fundos", destaca Ricardo de Carvalho, sócio da área de finanças corporativas da Deloitte. Segundo ele, muitos gestores ainda vêem oportunidades de retornos melhores fora de seus próprios mercados, por isso, o interesse em expandir os investimentos.

Segundo a pesquisa, considerando só os fundos americanos, que são os maiores investidores globais, 53% dizem já estar aumentando seus investimentos globais.

A Darby Overseas Investments, uma das maiores administradoras de recursos americana, informou ao Valor que planeja aumentar os investimentos no Brasil. O fundo vai contratar uma equipe para prospecção de negócios no país.

Outras gestoras, como AIG Capital, Coller Capital, Alpinvest e Paul Capital também planejam mais investimentos nos emergentes, revela um relatório da Empea, associação dos fundos de private equity voltados para os mercados emergentes. A Paul Capital, por exemplo, planeja destinar 20% de seu novo fundo para os emergentes, o dobro do que aplicou em 2004.

"Está menos difícil captar no exterior", afirma Sidney Chameh, sócio da Decisão Gestão de Fundos (DGF). A gestora, criada em 2001, está estruturando sua segunda carteira, que deve contar com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Para ele, o cenário tende a melhorar ainda mais quando o país obter o "grau de investimento". Mas apenas empresas com boas práticas de governança corporativa vão conseguir receber os investimentos.

Os setores preferidos pelos gestores ainda são os de tecnologia, principalmente os softwares (com 60% das respostas). Mas outros segmentos, como o de equipamentos médicos (38%) e biofarmacêuticos (38%) também aparecem entre os preferidos. Ainda entre os destaques está o setor de energia limpa (como a energia eólica), principalmente no Brasil.

Para chegar aos mercados emergentes, os fundos preferem fazer alianças estratégicas com as firmas locais, segundo 73% das respostas. Outros 45% dizem que preferem abrir escritórios no país. A situação é inversa a edições anteriores da pesquisa, quando a preferência era abrir unidades locais.