Título: Educação é foco de fundo da Fiducia
Autor: Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 10/08/2006, Finanças, p. C5

Depois de 20 anos à frente do Ibmec e de um breve período longe do setor de educação - desde que saiu da sociedade do instituto, há cerca de três anos -, o economista Paulo Guedes está de volta ao setor de educação, desta vez de uma forma inovadora. Ele está montando na gestora à qual se associou, a Fiducia Asset Management, um Fundo de Investimentos em Participações (FIP) cujo principal foco será o setor educacional. "Na verdade, eu nunca deixei de fato o segmento, sempre acompanhei de perto e examino profundamente o que vem acontecendo, vejo um momento de oportunidades", disse Guedes, adiantando que já tem vários projetos na mira.

O Fiducia Private Equity terá como meta a captação de US$ 100 milhões entre clientes institucionais e famílias com patrimônio elevado para investir principalmente em projetos no segmento educacional, embora não exclusivamente. Na visão de Guedes, o momento é positivo por vários fatores. "Há muita coisa acontecendo, houve um choque de oferta de vagas, um início de interesse de estrangeiros. É um setor que está desorganizado e com problemas, mas que é importante para o futuro, então vai haver uma reestruturação e nós temos um bom conhecimento do setor para participar disso", avalia Guedes.

Ele lembra que o cenário de mercado também é propício, já que as bolsas passaram por um grande de ciclo de alta e agora, com os juros subindo em vários países, a tendência é que o cenário mude um pouco. "A atividade que acreditamos que vai prevalecer agora é a produção de novos ativos que no futuro poderão vir a mercado", avalia Guedes, lembrando que o ciclo do private equity costuma desembocar na abertura de capital dos projetos. "Além disso, para obter os mesmos retornos que estavam sendo atingidos na bolsa será preciso aumentar a penetração nos setores da economia real, buscar mais fundo."

Para o economista, o conhecimento é um ativo cada vez mais valioso. "A riqueza dos indivíduos, das empresas e dos países, na nova sociedade do conhecimento, vai ter que passar por uma valorização da educação", disse Guedes, lembrando que o setor hoje representa quase 15% do PIB. Além disso, ele ressalta que na última grande crise das bolsas americanas, enquanto o Nasdaq e o S&P caíam, o setor de educação subia.

O Fiducia Private Equity vai ser a primeira investida da gestora independente no segmento de participações. Até aqui a gestora atuou no setor de fundos de investimento com perfil de 'hedge funds' e na alocação de recursos para grandes fortunas. Antes da Fiducia, à qual se integrou em meados do ano passado, Guedes foi sócio da também independente JGP e do Pactual, além da atuação no Ibmec.

Apesar de ter saído da sociedade nos últimos anos, Guedes não deixou de lado a paixão pelo setor e percebeu que acabava colocando algumas instituições de ensino em contato com instituições financeiras. Com isso, começou a notar que as oportunidades estavam aparecendo no setor. Segundo ele, o segmento vive uma espécie de 'mar vermelho', mas há um horizonte . "Há muita competição, o que baixa os preços, um excesso de regulação e um choque de tecnologia chegando. Mas é um setor fundamental para o futuro, apesar de estar desorganizado, então acreditamos na oportunidade da reestruturação", conclui.