Título: Aprovação cai e Perillo tenta controlar CPI local
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2012, Política, p. A8

Com a popularidade em baixa devido às revelações de seu envolvimento com o empresário Carlinhos Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), planeja uma reação para recuperar o prejuízo a sua imagem. Ela se dará em duas frentes, uma política e outra econômica.

Na semana passada, uma pesquisa do jornal "O Popular" apontou que metade da população rejeita sua gestão, o dobro do demonstrado em outubro de 2011. Consideraram seu governo péssimo 34,5% dos entrevistados, enquanto 14,4% o classificaram como ruim (Somados, 48,9%). Em outubro, essas taxas eram de, respectivamente, 16,8% e 8,8% (25,6% no total). Já a aprovação (ótimo/bom) caiu de 39,3% para 19,2%.

Os números fizeram o governo acelerar um contra-ataque que já vinha sendo desenhado nos bastidores do Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano. Politicamente, ele consiste em avançar as investigações sobre os contratos das prefeituras do Estado com a construtora Delta, um dos elos, segundo a Polícia Federal, do esquema de Cachoeira.

Isso será feito na CPI instaurada na semana passada na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, cujo cronograma de trabalho será votado hoje. Reivindicada pelo PT, Perillo passou a apoiá-la quando percebeu que sua realização seria irreversível diante do noticiário negativo. Mas tratou de assegurar controle sobre seus trabalhos. Convocou a base aliada para uma reunião no intuito de derrubar o objeto de investigação solicitado pelos petistas, que visava apurar "o envolvimento de autoridades constituídas do Governo do Estado de Goiás, com a contravenção e o crime organizado, em continuados atos ilícitos".

Após a intervenção do governador, o foco da comissão passou a ser "políticos do Estado de Goiás" e "demais autoridades com práticas contraventoras e outras condutas ligadas ao crime organizado, bem como "a contratação das empresas Gerplan e Delta Construções no período de 1995 a 2012 e, a qualquer tempo, envolvendo o governo do Estado e as prefeituras de Goiânia, Anápolis, Aparecida, Catalão, Jataí e outras".

Perillo também foi determinante nos nomes que tocarão os trabalhos da comissão. O presidente da CPI é o deputado Helio de Sousa, do DEM, que já foi líder do governador na Casa e é próximo ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO), um dos principais acusados pela Polícia Federal de envolvimento ilícito com Cachoeira. O relator será Talles Barreto (PTB), outro aliados do governador.

A menção às cinco cidades citadas no requerimento se deve ao fato de estarem, todas elas, sob o comando da oposição. As duas primeiras são administradas pelo PT e as seguintes pelo PMDB. Além disso, à exceção de Jataí, todas celebraram contratos com a Delta (veja quadro nesta página). Já a remissão à Gerplan, empresa de Carlos Cachoeira, se deve ao fato de ter sido sob a gestão do pemedebista Maguito Vilela que a empresa conseguiu firmar seu primeiro contrato com o governo do Estado.

No campo econômico, Perillo quer ampliar a rede de proteção social, onde os efeitos das denúncias ainda não são tão fortes. Na pesquisa do jornal "O Popular", avaliaram sua gestão como péssima 42,6% dos eleitores com ensino superior, contra 25,4% dentre os que completaram o ensino fundamental. O levantamento foi feito apenas em Goiânia, pelo instituto Serpes, que ouviu 603 eleitores entre os dias 1 e 4 de maio. Sua margem de erro é de quatro pontos.

Neste campo, a estratégia do governo passa ainda por incrementar linhas de crédito para setores da sociedade civil de baixa e média rendas, como pequenas confecções, agricultura familiar, fabricantes de bijuterias, taxistas e feirantes. Também serão potencializados programas específicos do governo já existentes de modo que possam ter efeitos mais perceptíveis. No aspecto social, medidas como acoplar o programa estadual de distribuição de renda, o Renda Cidadã, ao similar em nível federal, o Bolsa Família, já estão em andamento.