Título: Índia quer ampliar acordo com Mercosul
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2006, Brasil, p. A8

O governo indiano quer ampliar o tímido acordo comercial que assinou com o Mercosul. Espera até que o acerto evolua, no futuro, para uma área de livre comércio, que envolva também a África do Sul. As afirmações são do embaixador da Índia no Brasil, H. S. Puri. "Mas o Brasil precisa fazer sua parte", diz.

O embaixador indiano cobra a ratificação, pelo Congresso brasileiro, do acordo de preferências tarifárias fixas, que reduz as tarifas de um limitado número de produtos, assinado em abril de 2005. O acordo já foi ratificado por Índia, Uruguai e Paraguai, mas os parlamentos de Brasil e Argentina ainda não aprovaram.

Puri espera declarações favoráveis ao aprofundamento do livre comércio dos dois países durante a visita do primeiro-ministro indiano ao Brasil, Manmohan Singh. Na primeira visita bilateral de um líder indiano em 38 anos, Singh chega ao país na noite do dia 11 de setembro e será recebido por Luiz Inácio Lula da Silva no dia 12.

Os presidentes brasileiros e indianos devem assinar acordos de cooperação tecnológica, facilitação de comércio, transporte marítimo etc. No dia 13, eles se reúnem com o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, que estará no país.

Brasil e Índia são parceiros no G-20, grupo de países em desenvolvimento que pede o fim dos subsídios agrícolas nas negociações da Organização Mundial de Comércio (OMC), e que se reunirá dias 9 e 10 de setembro no Rio de Janeiro. Desde a suspensão das negociações, os Estados Unidos têm acusado a Índia de intransigência por se recusar a abrir seu mercado agrícola.

"A maior dificuldade da OMC não é o G-20, mas os subsídios dos países ricos", disse Puri. "A Índia está preocupada em alimentar sua população. Uma agricultura de subsistência não consegue competir como uma agricultura altamente subsidiada."

A corrente de comércio entre Brasil e Índia saltou de US$ 400 milhões, em 1997, para US$ 2,2 bilhões em 2005, mas segue reduzida. Puri espera que esse volume aumente para US$ 10 bilhões nos próximos cinco anos. A Índia aposta na cooperação na área de etanol, pois importa 70% da energia que consome.

O embaixador indiano participou ontem do lançamento da Câmara de Comércio Brasil - Índia em São Paulo. O presidente da entidade, Roberto Paranhos do Rio Branco, diz que o "apetite" dos empresários indianos por negócios tem sido maior que o dos brasileiros.