Título: Setor têxtil organiza protesto contra câmbio valorizado
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2006, Brasil, p. A8

Empresários e trabalhadores do setor têxtil e de confecção planejam um protesto contra o câmbio valorizado no dia 5 de setembro. Organizados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), 110 sindicatos patronais, em conjunto com representantes dos operários, prometem parar fábricas e organizar passeatas em todo o país.

Em São Paulo, o setor pretende se concentrar no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Os empresários também prometem interditar a via Anhangüera na altura da cidade de Americana, no interior de São Paulo. A região é um pólo de produção de fios sintéticos, um dos segmentos mais afetados pela concorrência chinesa.

O movimento foi batizado de "Mobilização Nacional". Os sindicatos acreditam que vão conseguir paralisar as atividades de muitas empresas de confecção. Eles pedem que as fábricas de fiação e tecelagem também liberem pelo menos 10% a 15% de seus trabalhadores para os protestos.

"É um movimento a favor do desenvolvimento e do emprego", defende o diretor-executivo da Abit, Fernando Pimentel. Na véspera, dia 4 de setembro, a Abit pretende publicar anúncios nos principais jornais do país, apontando os problemas enfrentados pelo setor.

"É um alerta. O setor é competitivo, mas enfrenta uma situação complicada há bastante tempo", explica Pimentel. Segundo a Abit, 260 mil empregos foram perdidos nos últimos quatro anos. Além da valorização do câmbio, o setor reclama das importações ilegais e subfaturadas que chegam ao país, principalmente vindas da China, da alta carga tributária e da falta de acordos internacionais.

O setor têxtil argumenta que está perdendo espaço nas exportações para concorrentes de outros países por conta da ausência de acordos comerciais com mercados importantes, como Estados Unidos e União Européia.

Pimentel nega qualquer motivação política para os protestos, apesar da proximidade das eleições presidenciais. "Pelo contrário. Trata-se de um manifesto propositivo", afirma. (RL)