Título: "Tudo que existir contra o governo deve ser usado", diz vice de tucano
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2006, Política, p. A9

A elevação do tom das críticas ao governo mostrada no último programa eleitoral de televisão do candidato a presidente Geraldo Alckmin (coligação PSDB e PFL), no horário gratuito, não satisfez o PFL. Lideranças do partido consideram insatisfatório o formato usado, com os ataques sendo feitos pelo apresentador. Pefelistas querem a exibição de imagens mostrando integrantes ou aliados do governo em situações constrangedores de envolvimento em denúncias de corrupção, como o caso do mensalão, que derrubou ministros e atingiu parlamentares da base.

O prefeito César Maia (PFL), do Rio de Janeiro, que faz suas críticas à campanha por meio do que chama de "ex-blog", enviado por e-mail aos interessados, admitiu que o programa melhorou, mas considerou o tom ainda fraco para reverter o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A fala do locutor é boa, o texto idem. Mas não gera memorabilidade. Para isso, as imagens de referência devem ser vivas", disse.

Ele cita imagens como as do ex-assessor do ex-ministro José Dirceu, Waldomiro Diniz, pedindo propina ao empresário do setor de jogos, Carlos Cachoeira. Cita também as cenas do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, depondo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, sobre o esquema do mensalão.

O candidato a vice-presidente na chapa de Alckmin, senador José Jorge (PFL-PE), relacionou também cenas do caseiro Francenildo dos Santos revelando que o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda) freqüentava uma mansão em Brasília por ex-assessores dele para fazer negócios suspeitos. O episódio derrubou Palocci. O depoimento do publicitário Duda Mendonça, responsável pelo marketing de Lula em 2002, no Congresso, sobre denúncias de uso de caixa dois na campanha, foi lembrado para reforçar a vinculação de Lula com os escândalos envolvendo seu governo.

"Tudo que existir contra o governo deve ser usado", disse José Jorge. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), manifestou a mesma opinião. Mas um receio da campanha é de dar chances de o governo usar parte do programa para exercer o direito de resposta. Por isso, os coordenadores defendem cautela na dosagem dos ataques.

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), se reunirá hoje em São Paulo com Luiz González, responsável pelo marketing da campanha. Ele concorda com a estratégia de ir aumentando progressivamente o tom dos ataques ao governo e defende respeito à estratégia definida pelo marketing.

O comando da campanha está cobrando maior empenho dos aliados nos estados à candidatura presidencial. Principalmente no Nordeste, onde Lula tem seu maior favoritismo, os candidatos do PSDB a governador mostram distanciamento da campanha nacional. (RU)