Título: Furlan organiza primeiro encontro da campanha entre Lula e empresários
Autor: Leo, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2006, Política, p. A10

Na primeira, de uma série de quatro reuniões com empresários de peso na economia nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe para jantar, hoje, no Palácio do Planalto, um grupo de executivos dos setores de mineração e siderurgia, de papel e celulose, automotivo e financeiro. A reunião promovida pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, servirá, segundo o ministro, para uma "troca de idéias" entre o presidente e os representantes do setor privado. Furlan espera reforçar, com o presidente, sua campanha pela redução de tributos que pesam sobre investimentos e por medidas para compensar a valorização do real em relação ao dólar.

A idéia de reunir grandes empresários com o presidente foi proposta pelo próprio Furlan a Lula, durante as conversas que tiveram na viagem presidencial a São Petersburgo, na Rússia, para a reunião do G-8 - o grupo dos países mais poderosos do mundo. Furlan conversou com Lula sobre a necessidade de uma avaliação de governo sobre os erros e acertos, pontos fortes e fracos da gestão, em relação aos interesses das grandes empresas e bancos do país.

Embora o encontro seja uma demonstração pública de prestígio do ministro, Furlan tem dito aos assessores que não pretende ficar no governo em um eventual segundo mandato, por ter a sensação de "dever cumprido". Ele desconversa quando lhe perguntam diretamente sobre sua resposta a um possível convite do presidente para permanecer no posto. O encontro, no Alvorada, deve ter também a participação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Fazenda, Guido Mantega, do Trabalho, Luiz Marinho, e do secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci.

Furlan tem enfrentado sucessivos embates com a equipe econômica pela redução de impostos em diversos setores da economia, especialmente sobre a compra de máquinas e equipamentos para investimento. Em comum, os empresários têm o fato de serem todos exportadores, alguns beneficiados pela alta de preços internacional, outros prejudicados fortemente pela valorização do real. A equipe de Furlan nega que a exportação tenha sido critério de escolha. Outras três reuniões estão previstas, com outros setores da economia.

Até a noite de ontem, o governo havia confirmado oficialmente apenas a presença de empresários cuja participação no jantar foi noticiada pela "Folha de S. Paulo": o presidente do Bradesco e da Febraban, Márcio Cypriano, Emílio Odebrecht, da Odebrecht, Roger Agnelli, da Vale do Rio Doce, José Armando de Figueiredo Campos, da CST, Carlos Ermírio de Moraes, da Votorantim, Horácio Lafer Piva, da Klabin, David Feffer, da Suzano, Carlos Alberto Vieira, da Aracruz, Hans-Christian Maergner, da Volks, Cledrovino Bellini, da Fiat, Paulo Butori, do Sindipeças, e José Antônio Martins, da Marcopolo.