Título: Força Nacional responde aos governadores
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2006, Especial, p. A16

Apesar de ter sido criada para situações como a que se configura em São Paulo, a Força Nacional não proporciona ao governo federal - o presidente da República e o ministro da Justiça - a mesma visibilidade no combate à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que poderia ter com as Forças do Exército. A FNS, com seus 7,1 mil homens treinados para atuar em conjunto com as polícias locais, quando acionada, fica subordinada ao governador. No caso do Exército, as tropas seguem sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos últimos dias, o governo federal intensificou a oferta do Exército, mas não fala em força Nacional. Há 10 dias, depois de reunião com o governador Cláudio Lembo, Lula reiterou que estão à disposição do administrador pefelista 10 mil homens do Exército. "A presença do Exército, sem dúvida, provoca um efeito altamente intimidatório", reconhece um assessor do governo. Mas do ponto de vista prático, a FNS é muito mais efetiva, já que ela pode efetuar prisões - tipo de ação vedada aos oficiais do Exército.

O Ministério da Justiça nega que o Executivo esteja de olho em dividendos eleitorais, mas não explica as razões de não insistir com a oferta da Força Nacional como insiste com a oferta do Exército. Assessores do governo informam que o presidente está oferecendo o pacote completo, formado por Força Nacional, Exército e a inteligência da Polícia Federal (esta já vem atuando em São Paulo).

Além da questão política, de não ser administrada e controlada pelo governo federal, a Força Nacional, segundo avaliam assessores do presidente, enfrenta resistências dos policiais locais. Por estarem atuando em Estados diferentes dos de origem, os primeiros recebem, além do salário normal, uma diária de aproximadamente R$ 110, paga durante todo o período em que durar a operação, o que acaba provocando distorções salariais entre os dois grupos.

No momento, a Força Nacional atua em dois Estados: no Mato Grosso do Sul, são 88 policiais (inicialmente eram 160). A operação começou no dia 30 de maio e vai até o dia 30 de agosto. Outros 164 integrantes da FNS estão no Espírito Santo. Chegaram no dia 18 de junho e sairão no dia 22 de setembro. Nas duas situações, o tempo original de operação era de 60 dias e foi prorrogada por mais 30, a pedido dos governadores. No caso específico de São Paulo, o Ministério da Justiça não divulga quantos homens estariam disponíveis para a operação, caso ela venha a ser solicitada pelo governador Cláudio Lembo.