Título: Alckmin agrada com promessa velada de aumento
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2006, Especial, p. A16

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, fez ontem um discurso no Clube de Aeronáutica que agradou os militares presentes. Agradou tanto que no intervalo e final do discurso houve aglomeração de interessados em tirar fotos e conversar um pouco com o candidato.

O tucano disse querer recuperar a qualidade do serviço público no país e prometeu aumentar o salário do militares dentro das possibilidades. "Se eu puder, eu vou aumentar (os salários dos militares). Fui governador de São Paulo e os servidores sempre tiveram reajustes acima da inflação", disse.

O tucano afirmou que vai investir na revitalização das Forças Armadas e na "recuperação do respeito ao servidor público militar e civil neste país da lei, da ordem".

O candidato reiterou sua defesa à propriedade privada ao criticar a posição do governo Luiz Inácio Lula da Silva numa invasão de terra em 2003 e ressaltou a importância do respeito à lei e à ordem. Alckmin acusou o presidente de ser conivente com a invasão de um terreno da Volkswagen em São Bernardo do Campo, em 2003. Na época, disse Alckmin, o governo federal pediu um prazo ao governo paulista para evitar a desocupação da área pela polícia.

Hoje, segundo o candidato, o terreno é ocupado por uma central de distribuição, na qual foram criados 1.100 empregos. "Se dependesse dele (Lula), não teria um emprego. Teria uma invasão de uma propriedade privada. Essa questão de respeito à lei, de compromisso com a democracia é uma questão de princípio, uma questão de valor que nos parece essencial", afirmou.

Alckmin também citou o crescimento econômico observado durante o regime militar como algo ser repetido. "Há 25 anos que o Brasil não cresce de forma forte. O que a gente vê (agora) é aumento de imposto, aumento de gasto e corte de investimento", afirmou.

Segundo o tucano, o país precisa crescer mais para gerar mais empregos, mantendo os pilares da atual política econômica - controle fiscal, meta de inflação e câmbio flutuante. A mudança, diz ele, seria através da melhora na gestão do gasto público, com o combate à corrupção e o aumento da eficiência.

Ele também criticou a posição do governo Lula no episódio da expropriação dos ativos da Petrobras pelo governo boliviano. "A posição do governo brasileiro é dúbia, é submissa. Isso cria uma insegurança para toda a América Latina. Se rasga contrato e o Brasil nem recrimina, quem é que vai investir?", disse ele.

Alckmin ainda defendeu a necessidade de uma reforma política no país, incluindo temas como o voto distrital distrital e a fidelidade partidária. "O nosso parlamento é uma casa corporativa. Um defende o outro. E quem defende o povo?", questionou.

Sobre o eventual desconforto do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), com o pedido de apoio do tucano ao candidato do PMDB ao governo do Rio, Sérgio Cabral, Alckmin citou vários candidatos aos governos dos Estados do PMDB que têm oferecido apoio para sua candidatura.

"Não quero gerar constrangimento, mas o PMDB decidiu liberar os candidatos", disse. Maia, coordenador da candidatura de Alckmin no Rio, acredita que o apoio de Cabral ao tucano prejudicaria as candidaturas de Denise Frossard (PFL) e Eduardo Paes (PSDB) ao governo do Rio. *(Do Valor Online)