Título: Popular com banda larga e TV a cabo
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 04/09/2006, Empresas, p. B2

Um terreno abandonado de 330 mil metros quadrados da Funcef - fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal - se transformará em um conjunto de habitação popular em Jiquiá, bairro da periferia do Recife .

Na planta do projeto, nada de caixotes parecidos com as Cohabs ou Cingapuras. Internet de banda larga, TV a cabo, piscinas, churrasqueiras, estacionamento, praças, creches e campo de futebol estarão à disposição dos moradores.

"O terreno isolado vale muito menos do que uma área já construída", afirma Jorge Arraes, diretor imobiliário da Funcef. Dessa forma, o fundo poderá receber pelo lote mais de R$ 200 milhões em três anos, prazo previsto para a conclusão das vendas de todos os apartamentos. Esse mesmo sistema já foi usado pela Funcef em outros seis terrenos.

O projeto da construtora Itacon surgiu da constatação da carência de imóveis para a classe média baixa na região. "Calculamos que o déficit desse tipo de imóvel na cidade chegue a 400 mil unidades", diz Paulo Sul-tanum, proprietário da Itacon.

A preocupação do empresário foi criar um ambiente mais agradável à moradia, mesmo que até cinco pessoas vivam em tão poucos metros quadrados. Por isso foi projetada uma área de lazer maior para o condomínio, chamado de Morada Recife Imperial. A expectativa da Itacon é que o preço do condomínio fique em torno de R$ 100.

Para baratear o acesso a serviços como conexão à internet de banda larga e à televisão paga, a empresa está em negociações com empresas do ramo interessadas em oferecer descontos a um condomínio de 4 mil famílias.

Antes, porém, de chegar à formatação final do produto, a Itacon teve de contornar um empecilho: o solo da região não suporta uma construção pesada, como a alvenaria. A solução foi prever o uso de aço. O método ("steel frame") faz o peso da obra cair para apenas 6% daquilo que o tradicional uso do cimento e do tijolo teria.

Interessadas na difusão do processo - ainda pouco usado no país, mas que impera nos Estados Unidos -, empresas como Arcelor e Usiminas estão avaliando o projeto. (CM)