Título: Funcef retoma investimentos na área imobiliária
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 04/09/2006, Empresas, p. B2

A Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, está retomando seus investimentos imobiliários. A fundação tem cerca de R$ 200 milhões destinados à aquisição de ativos como shopping centers, edifícios comerciais e imóveis ligados à área de logística, como galpões.

O movimento da Funcef vai na contramão dos demais fundos de pensão do país, que têm optado por vender seus prédios e terrenos para alocar os recursos em títulos financeiros com lastro imobiliário, como os chamados certificados de recebíveis imobiliários.

Segundo Jorge Arraes, diretor de investimentos imobiliários da Funcef, a fundação optou por esse caminho por causa do bom desempenho que a carteira vem obtendo em relação aos demais ativos do fundo.

No ano passado, a rentabilidade do segmento foi de 15,26%, superior aos 11,35% que o fundo tinha como meta.

"Com a queda dos juros, entendemos que os bens de raiz podem trazer uma boa rentabilidade para quem vislumbra o longo prazo", explica Arraes.

No caso dos shoppings, a rentabilidade foi de 21,87%. Por isso a Funcef está aumentando a participação que já detém nos shoppings Morumbi, Paulista - ambos em São Paulo - e Belém, além de analisar um empreendimento em Manaus.

A fundação também deve erguer alguns prédios para sua própria patrocinadora, a Caixa Econômica Federal (CEF), que irá alugar os espaços.

Em Brasília, a Funcef busca um terreno para abrigar escritórios da CEF. Quatro agências do banco em São Paulo também estão sendo feitas com investimentos do fundo.

Em Olinda (PE), por outro lado, a situação é inversa. Um terreno que abrigava uma unidade da CEF deverá ser transformado em um edifício comercial ou residencial.

No entanto, como as fundações são proibidas de incorporar imóveis, eles só poderão ser vendidos depois de prontos.

No Recife, a Funcef está envolvida num projeto inusitado que prevê a construção de um conjunto habitacional popular com acesso à internet por banda larga e TV a cabo (ver ao lado).

Quinze anos atrás, a fundação recebeu um terreno como forma de pagamento de uma dívida. Agora, ao colocar a área à venda, a Funcef se deparou com uma proposta feita por uma construtora local, a Itacon, para erguer 4 mil apartamentos de 47 metros quadrados.

A fundação vislumbrou, neste caso, a possibilidade de receber mais por um terreno instalado em uma área isolada e degradada da cidade.

O valor pago à fundação, que entrará no projeto apenas com o terreno, dependerá das vendas dos apartamentos.

O fundo de pensão receberá 5% do montante pago pelas unidades. Espalhadas em 125 blocos de quatro andares, os apartamentos serão vendidos por R$ 52 mil e devem ser financiados pela Caixa.

Dos R$ 20,9 bilhões de ativos da Funcef, cerca de 8% estão alocados em imóveis.

Com os novos aportes, o objetivo é atingir 11%. O número supera o patamar estabelecido pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC), que é de 8% para 2009.

Mas, segundo Arraes, a Funcef está fazendo uma reciclagem de sua carteira, o que também inclui a venda de alguns ativos. Com isso, o percentual aplicado em imóveis deve retornar para o patamar exigido pela SPC.