Título: Exportações de carne bovina batem recorde
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 04/09/2006, Agronegócios, p. B12

As exportações de carne bovina bateram recorde histórico para um mês em agosto passado, somando US$ 392,393 milhões, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio. Em agosto de 2005, as vendas externas haviam gerado uma receita de US$ 350,083 milhões. Os valores incluem os embarques de carne bovina in natura e de carne industrializada, mas não miúdos.

O melhor resultado com as vendas externas de carne bovina antes do recorde de agosto havia sido registrado em julho deste ano, quando os embarques geraram receita de US$ 355,980 milhões.

A receita foi recorde, mas os volumes totais embarcados no mês caíram para 239,6 mil toneladas (equivalente-carcaça), abaixo das 248 mil de agosto de 2005. Foram 189,4 mil toneladas de carne in natura em agosto deste ano contra 184,5 mil no mesmo mês de 2005. Em produto industrializado, foram 50,2 mil toneladas contra 63,4 mil em agosto do ano passado.

A reabertura das exportações de carne do Mato Grosso para a Rússia e do Rio Grande do Sul para o Chile explica parte do resultado de agosto, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Pratini de Moraes. As vendas dos dois Estados estavam suspensas devido ao ressurgimento da aftosa em outubro de 2005 e foram retomadas recentemente.

Mas também houve um aumento nos preços de venda da carne, graças à exportação de produtos de maior valor agregado, principalmente ao mercado europeu, segundo Pratini. "Estamos exportando mais carne resfriada", afirmou. Na comparação com agosto de 2005, o preço da carne in natura, por exemplo, subiu 10,4%, para US$ 1.736 por tonelada.

Além disso, a demanda por carne cresce em países emergentes, sobretudo nos produtores de petróleo, segundo Pratini, como os do Oriente Médio, Rússia e Leste Europeu. "A renda cresce [por causa do petróleo] e quando isso acontece as pessoas comem melhor", afirmou.

Os preços mais elevados também se devem à oferta mais limitada de carne brasileira, justamente por causa dos embargos impostos ao produto. A Rússia, por exemplo, mantém o embargo a Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás. A União Européia segue sem comprar carne bovina dos Estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Outro motivo, disse Pratini de Moraes, é que o dólar desvalorizado amplia o esforço dos exportadores para obterem melhores preços lá fora. A previsão da Abiec é fechar o ano com exportações de US$ 3,8 bilhões a US$ 4 bilhões se o quadro atual se mantiver. Em 2005, foram US$ 3,150 bilhões.