Título: Reforço em SP visa a garantir capital político do tucano
Autor: Agostine, Cristiane e Salgado, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 04/09/2006, Política, p. A7

A campanha do candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, cumpre estratégias diferentes nas regiões do país nessa reta final, para tentar evitar uma vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno das eleições. Enquanto o presidenciável vai intensificar suas atividades nos maiores colégios eleitorais, principalmente São Paulo, o comando político da campanha distribuiu tarefas aos aliados no restante do país, especialmente no Nordeste.

Os senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Heráclito Fortes (PFL-PI) passaram três dias da semana passada visitando os Estados nordestinos e montaram estratégias diferenciadas para a campanha em cada local, dependendo das peculiaridades. Baseado em sua experiência, Heráclito diz que o eleitorado nordestino tem um calendário de definição de votos, que começa pela escolha dos cargos mais próximos a ele e termina com a opção pelo candidato a presidente.

Segundo ele, essa definição só ocorre depois do dia 10 de setembro, período em que aumenta o engajamento dos candidatos a governador. "O candidato primeiro arruma sua casa para, depois, receber a visita", disse o pefelista.

A semelhança dos aliados nesses Estados é a dificuldade dos candidatos a governador vincular na televisão suas candidaturas à de Alckmin, por causa do amplo favoritismo de Lula na região. As estratégias montadas visam levar à campanha às ruas, com militância, material de propaganda e eventos que supram a ausência do candidato.

A dedicação de Alckmin a São Paulo não se deve apenas ao fato de ser o maior colégio eleitoral do país e qualquer índice de crescimento no Estado compensar muito a vantagem que Lula mantém no Nordeste. Integrantes do conselho político da campanha têm cobrado crescimento das intenções de voto de Alckmin no Estado em que governou, acreditando na influência sobre o eleitorado de outros Estados.

O raciocínio é que, sendo pouco conhecido nacionalmente, Alckmin tem que mostrar sua aceitação onde governou por seis anos, sem contar o período como vice-governador de Mário Covas. De acordo com um aliado que disputa o governo de um Estado nordestino, Alckmin "tem que mostrar ao resto do país que fez o dever de casa". Segundo dados recentes do Ibope, Alckmin e Lula estão tecnicamente empatados em São Paulo, com uma diferença de dois pontos para o tucano (margem de erro). A margem de diferença considerada ideal é de 15 pontos.

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, o empenho do governador Aécio Neves (PSDB), com a reeleição praticamente garantida de acordo com as pesquisas, está mostrando resultado. Na semana passada, o governador telefonou para o comando da campanha informando sobre crescimento de cinco pontos percentuais nas intenções de voto do tucano no Estado.

Para envolver mais o ex-presidente Itamar Franco, a campanha está programando um comício em Juiz de Fora (MG) na próxima semana. A idéia é gravar imagens do ex-presidente com Alckmin, para serem usadas no programa de televisão do horário eleitoral gratuito, se isso for decidido.

Alckmin deve passar o 7 de Setembro em São Paulo, em evento com jovens da zona leste, que está sendo programado pela campanha. Ele não participará de desfiles e eventos oficiais, por causa dos impedimentos legais.

Na Bahia, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) programou mais dois eventos até 1º de outubro e vem realizando comícios e reuniões com prefeitos. Em Pernambuco, os candidatos a deputados aliados foram orientados a pedir voto para Alckmin na televisão e há campanha na rua.

No Maranhão, o candidato do PSDB a senador, João Castelo, é que está à frente da campanha de Alckmin, já que a senadora Roseana Sarney (PFL), candidata a governadora, não se envolveu. Castelo comprometeu-se a ampliar a presença dos militantes na rua, com distribuição de material. Na Paraíba, o governador Cássio Cunha Lima (PSDB), está mobilizando militância e programou grandes eventos com a presença de Alckmin. No Piauí, a candidatura do tucano será vinculada em material de propaganda às de aliados que disputam cargos proporcionais.

No Ceará, com o governador Lúcio Alcântara (PSDB) fora, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), faz campanha no interior e mobiliza prefeitos. No Rio Grande do Norte, onde a coligação não tem candidato a governador, o PFL está levando a campanha para a rua. Em Alagoas, a campanha de Alckmin está montando estrutura própria, já que não pode contar com os candidatos aliados no Estado.