Título: Sérgio Rosa nega volta à Previ
Autor: Vieira,Catherine
Fonte: Valor Econômico, 14/05/2012, Política, p. A9

Presidente demissionário da BrasilPrev, braço de previdência aberta do Banco do Brasil, Sérgio Rosa garante que não volta à Previ, fundo de pensão que ele presidiu por cerca de sete anos, até 2010. "Não existe isso. Inclusive porque as regras não permitem", diz Rosa. O estatuto do fundo de pensão prevê que o presidente seja indicado pelo Banco do Brasil e que esteja na ativa. "Eu me aposentei pela Previ após meu último mandato", afirma Rosa. Desta forma, pelas regras, ele só poderia retornar como diretor eleito pelos participantes do fundo. "Vou pra casa, não tenho nenhum destino acertado. Minha saída da BrasilPrev se dá por motivos absolutamente pessoais", afirma Rosa, que vem se dividindo nos últimos quase dois anos entre a família, que ficou no Rio, e a empresa, em São Paulo.

Ele nega ainda que, como cogitaram alguns interlocutores próximos de sua gestão na Previ, seu destino esteja acertado com uma das empresas nas quais o fundo de pensão participa, como a Invepar. A holding que controla o Metrô do Rio ganhou recentemente o leilão para operar o aeroporto de Guarulhos. Rosa diz que muito poucos sabiam de sua saída da BrasilPrev e por isso não houve negociações para o futuro. "Imagino que agora que se tornou público, possa acontecer alguma coisa. Tomara que eu esteja mesmo sendo cobiçado, desde que seja no Rio", brincou, sobre as especulações feitas por ex-colaboradores.

A especulação em torno de uma eventual volta de Rosa ao fundo de pensão surgiu de forma espontânea depois que ele anunciou na sexta-feira que deixa a BrasilPrev no dia 31 deste mês. É a mesma data da virada de alguns mandatos na Previ. No fim do mês termina a eleição para a diretoria de Seguridade, e também o mandato de dois diretores indicados pelo banco, de investimentos e participações, que podem ser reconduzidos pelo BB. No caso da vaga de diretor eleito pelos participantes, o período para registro de chapas encerrou-se em fevereiro, segundo informa o site do fundo.

Já está acertada com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a saída de Ricardo Flores da presidência da Previ. O que se negocia, agora, é a data. Flores pediu para que sua substituição seja formalizada no dia 1º de junho, data em que deverão tomar posse novos diretores da Previ que serão escolhidos em eleição ainda este mês. Mas ela pode ser anunciada esta semana. Segundo fonte oficial, o novo presidente da Previ será um dos três vice-presidentes do BB - Alexandre Corrêa Abreu (Negócios de Varejo), Ivan de Souza Monteiro (Relações com Investidores) - o nome com mais chances - ou Robson Rocha (Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável).

A troca de comando do maior fundo de pensão da América Latina encerra um contencioso que começou há quase dois anos, envolvendo o presidente do BB, Aldemir Bendine, e Ricardo Flores. Foi Bendine que indicou Flores, como segunda opção, para presidir a Previ. A primeira opção, que não vingou, era Paulo Cafarrelli, também vice-presidente do BB. Pouco depois Bendine e Flores se desentenderam e se envolveram numa guerra de bastidores, acusações mútuas até que as desavenças tornarem-se públicas. Eles não se falam há mais de um ano.

Tudo começou com a disputa pelo comando do Conselho de Administração da Vale. A Previ e o Bradesco dividem o controle da mineradora.

Quando formalizou o convite a Ricardo Flores, Mantega deixou claro que a Previ perderia a presidência do conselho da Vale. Junto com a substituição de Roger Agnelli no comando da mineradora, Mantega pretendia contratar alguém com perfil profissional para presidir o conselho, sempre ocupado por um representante dos acionistas. Bendine teria tentado, inicialmente, acumular a presidência do BB com a do conselho da Vale. Sem sucesso, tentou trocar a presidência do BB pela do conselho. Em ambas as tentativas, esbarrou nos critérios pré-definidos pelos sócios.

O caso ficou mal resolvido e desde então começaram as suspeitas mútuas. Flores, nesse ínterim, buscou apoio político. Aproximou-se do vice-presidente Michel Temer (PMDB), do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), seu conterrâneo, e tentou, mas não conseguiu. obter o apoio de Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência. A essa altura, seu destino estava selado, mas o Planalto decidiu só agir quando o ambiente estivesse mais calmo.

Primeiro, a presidente Dilma Rousseff trocou a vice presidência de Governo do Banco do Brasil. Tirou Ricardo Oliveira e pôs no cargo o ex-senador Cesar Borges, da Bahia. A mudança contemplou o PR, que havia perdido espaço no governo Dilma com a saída do senador Alfredo Nascimento (PR-AM) do Ministério dos Transportes, mas, sobretudo, esvaziou a disputa de poder entre o BB e Previ, pois Oliveira era visto como um dos responsáveis por alimentar a disputa entre Bendine e Flores.

Parlamentares do PT não esconderam suas preferências nessa briga. Queixosos de Bendine, que não recebe suas demandas e ainda afastou os militantes do partido tanto da direção quanto das gerências do BB, eles chegaram a hipotecar apoio a Flores em audiências com as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).

O ex-senador baiano Cesar Borges substituirá Ricardo Oliveira na vice-presidência de Governo do banco.