Título: Grupo espanhol Gas Natural vai investir R$ 220 milhões até 2010
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2006, Empresas & Tecnologia, p. B1

A Gas Natural São Paulo Sul está fechando os últimos detalhes de seu mais novo plano de investimentos. Depois de aplicar R$ 805 milhões entre 2000 e 2005, a companhia controlada pelo grupo espanhol Gas Natural prepara uma nova onda de investimentos, de R$ 220 milhões entre 2006 e 2010, concentrada fundamentalmente na expansão da sua rede de distribuição. Em outras palavras, significa que em uma década a empresa terá aplicado mais de R$ 1 bilhão na sua área de concessão, que engloba 93 municípios do interior do Estado de São Paulo, entre Sorocaba e Registro.

Na primeira onda de investimentos feita pela empresa, parte significativa dos R$ 805 milhões, exatamente R$ 533,8 milhões, foram usados para arrematar a concessão. Fechada em 26 de abril de 2000, a operação teve ágio de 461%, em comparação aos R$ 95 milhões fixados na época pelo governo paulista.

O novo plano, que busca na verdade maximizar o potencial da região, é composto por três grandes objetivos. O primeiro é elevar a sua rede de distribuição de 930 quilômetros, segundo dados de 2005, para 1,6 mil quilômetros de extensão. Depois, aumentar o número de clientes de 22 mil para 50 mil.

"Caso a nossa estratégia comercial dê resultado, naturalmente incrementaremos a venda diária de gás natural da empresa, que é a grande meta. Hoje, o potencial da nossa área de concessão é de 1,7 milhão de metros cúbicos por dia e nós vendemos 1,3 milhão diariamente. Queremos, portanto, atender esse potencial", afirma Marcos Aurélio Martins Moisés, gerente comercial da Gas Natural São Paulo Sul.

A principal forma de tirar do papel esses números é incrementar significativamente a sua rede de distribuição de gás natural. Hoje, dos 93 municípios, a empresa já chegou a 17 deles, que juntos representam 80% do Produto Interno Bruto (PIB) da área de concessão. E segundo o executivo a idéia é alcançar 22 cidades até 2010, o que já daria à controlada do grupo espanhol a possibilidade de participar de 90% do PIB regional.

"Cerca de 85% dos recursos até 2010 serão usados na ampliação das redes de distribuição, sendo que 15% vão ser aplicados na construção de portas de saídas do gasoduto Gasbol, a nossa fornecedora do insumo, e projetos de informática", explica o gerente comercial. Ele conta também que para viabilizar os R$ 220 milhões, a companhia deverá obter 90% do valor juntos a bancos e o restante deverá sair dos cofres da concessionária.

A julgar pelo desempenho da empresa nos primeiros cinco anos, é bem possível que a controlada do grupo espanhol alcance seus objetivos. Segundo a Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE), agência que fiscaliza o cumprimento das metas por parte das concessionárias de energia elétrica e gás natural no Estado de São Paulo, a empresa teve uma performance superior às metas estabelecidas para o período.

Em maio de 2003, ainda segundo a CSPE, esperava-se que a Gas Natural construisse 150 quilômetros de redes de ligação, mas a empresa construiu 152 quilômetros. Dois anos depois, em maio de 2005, o grupo voltou a bater as metas da agência, que havia estabelecido 50 novos quilômetros, sendo que a Gas Natural acabou construindo 99 quilômetros.

Não é somente o passado que a credencia. O próprio ano de 2006 já demonstra que a empresa deverá cumprir grande parte das premissas do seu plano.

Neste ano, dos R$ 220 milhões projetados até 2010, a multinacional vai desembolsar R$ 37 milhões, sendo que R$ 15 milhões já foram aplicados nos primeiros seis meses. Com esses recursos, a Gas Natural acrescentará 100 quilômetros à sua rede de distribuição, alcançando 1,03 mil quilômetros de extensão.

Mais rede de distribuição aliado ao fornecimento para indústria têm feito com que o faturamento da companhia suba ano após ano. Em 2006, por exemplo, a Gas Natural São Paulo Sul deverá vender 420 milhões de metros cúbicos do insumo, o que lhe renderá um faturamento de R$ 265 milhões. O desempenho é 22% maior em volume e 43% superior em receita.

"Tivemos um grande crescimento em 2003, quando fechamos um acordo com a Cia. Brasileira de Alumínio (CBA) do grupo Votorantim. E agora neste ano, além de a demanda da CBA ter aumentado, também incrementamos o fornecimento para a unidade de Araçariguama da Gerdau", conta Martins Moisés.

Apesar de ter apenas 200 indústrias no seu portfólio, esse setor é de longe o maior comprador do insumo. Dos 420 milhões de metros cúbicos que deverão ser negociados neste ano, 380 milhões irão para a indústria.

"Mesmo com novos investimentos e evolução da nossa receita, a indústria deverá ter sempre uma participação superior a 90% do volume da Gas Natural São Paulo Sul", conta o executivo. Hoje, o segmento industrial detém 90,5% do montante negociado pelo grupo.