Título: Lula encontra empresários e cobra mais investimentos
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2006, Política, p. A7

Cinco dias depois do anúncio do crescimento de apenas 0,5% do PIB no segundo trimestre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem com empresários para um jantar na casa do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Foi a terceira rodada de encontros desta natureza antes das eleições, desta vez envolvendo representantes dos setores têxtil, financeiro, aviação civil e varejo.

Compareceram Paulo Skaf (Fiesp), Ivo Rosset (Valisère), Roberto Setubal (Itaú), Gabriel Jaramillo (Santander), Marco Antônio Bologna (TAM), Constantino Oliveira Jr (Gol), Agnaldo Diniz Filho (Grupo Cedro Cachoeira) Sinésyo Batista da Costa (Abrinq), Amarílio Macedo (Grupo J. Macedo) Brian Smith (Coca-Cola do Brasil), Josué Gomes da Silva (Coteminas), Michel Klein (Casas Bahia), Élcio Giacometti (Abicalçados), Sérgio Barroso (Cargill), Caio Auriemo (Diagnósticos da América), Délcio Golfarb (Lojas Marisa), Milton Cardoso dos Santos Filho (Vulcabrás), Salo Seidel (Satipel Industrial), Vicente Donini (Marisol Confecções), João Cardoso de Oliveira (Abras) e Victorio de Marchi (Ambev).

Dos ministros, compareceram Guido Mantega (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Marinho (Trabalho), e Luiz Dulci (secretaria-geral da Presidência).

"Cada empresário, em seu setor, tem conhecimento do que está acontecendo na economia. A produção industrial está voltando a se expandir e amanhã (hoje) teremos resultados positivos em relação a isso", disse Guido à entrada do encontro. "A indústria automobilística, que é um bom termômetro do nível de atividade, volta a bater recordes". O ministro do Planejamento disse que seria cobrado dos empresários o aumento no nível de investimentos: "Vamos cobrar, pedir mais ousadia nos investimentos no país".

No último encontro, estiveram representantes dos setores de mineração e siderurgia, papel e celulose, automotivo, alimentício e financeiro. No de ontem, estavam alguns setores que enfrentam dificuldades econômicas e, constantemente, batem às portas do Planalto em busca de ajuda. O setor têxtil vem reclamando da concorrência desleal com os produtos chineses. O setor aéreo passa por uma reestruturação após a crise da Varig. Dentre todos os presentes, quem atravessa o melhor momento é o setor varejista, beneficiado com os aumentos reais do salário-mínimo e com a abundância de crédito disponível na praça.

No jantar anterior, Lula destacou os bons números da economia - o PIB do segundo trimestre ainda não havia sido anunciado - mas teve que ouvir cobrança sobre a alta carga tributária do país. O presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli e do grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, destacaram ainda os gargalos na infra-estrutura como percalços para o desenvolvimento econômico.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, reuniu-se na tarde de ontem com o ministro Guido Mantega para tratar do Fundo de Compensação às Exportações. Sobre o jantar com Lula, Skaf não quis adiantar nada. Apenas confirmou que o convite partiu do governo. "Eu sou um mero convidado, como todos os demais. Vamos esperar para ouvir o que o presidente e os ministros têm a nos dizer", declarou.

Esta é a segunda vez que Lula encontra-se com empresários na casa do ministro Furlan. Antes destas duas reuniões, o presidente já havia jantado com empresários da construção civil, no Palácio da Alvorada. Segundo o próprio Lula, a expectativa é da realização de pelo menos mais uma reunião desta natureza. Ele nega, contudo, que essas reuniões tenham caráter eleitoral. "É um jantar de presidente, não de candidato", tem frisado Lula.