Título: "Alvo é o programa", diz pemedebista
Autor: Cruz, Patrick
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2006, Política, p. A7

Com a possibilidade de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PMDB precisará priorizar uma maior proximidade do Planalto em vez de centrar forças na negociação de cargos em um eventual segundo mandato petista, diz o senador José Maranhão, candidato pemedebista ao governo da Paraíba. "Em vez de se preocupar com cargos e ministérios", afirma ele, "o PMDB precisa se preocupar com as políticas de governo. Ministério é um cargo que só executa. Participar da formulação do programa de governo é uma função mais deliberativa".

Maranhão manteve-se fiel em seu apoio a Lula desde as eleições de 2002. O maior atrelamento à imagem do governo petista é visto com reticência por setores do dividido PMDB, mas não significaria um racha ainda maior no partido, argumenta o senador. "Apenas negociar cargo daria visibilidade a um, dois, três ou dez figurões do partido, mas o PMDB precisa de unidade, de identidade".

O senador diz que, depois das eleições, pretende trabalhar diretamente para essa aproximação maior das "decisões das políticas nacionais". A estratégia, é claro, não é puramente altruísta. Maranhão acredita que uma maior interação com o Planalto pode fortalecer o PMDB para 2010. Isso poderia até viabilizar uma candidatura própria do partido à Presidência daqui a quatro anos.

Os laços entre o PMDB e um eventual novo mandato petista ficariam bem mais firmes se Lula voltasse a apoiar o partido na eleição para a mesa do Senado. A próxima ocorrerá em fevereiro do ano quem vem. Na última, em fevereiro de 2004, o presidente apoiou Renan Calheiros (PMDB-AL).

Maranhão encabeça a chapa que tenta derrotar o governador Cássio Cunha Lima (PSDB), candidato à reeleição. Lula, seu principal cabo eleitoral, deverá ir à Paraíba no dia 17 para reforçar a campanha do senador, uma das mais acirradas entre todos os Estados. Ele tem o apoio dos prefeitos dos maiores municípios paraibanos - "que representam dois terços do eleitorado do Estado", diz Maranhão. A Paraíba tem 2,5 milhões de eleitores.

A última pesquisa eleitoral no Estado, realizada pelo Ibope e divulgada na sexta-feira, mostra Cunha Lima com 47% das intenções de voto, cinco pontos percentuais à frente de Maranhão. Até o fim de agosto, o senador aparecia na liderança em levantamentos feitos por outro instituto, o Consult.

O tucano procura manter uma postura de política de boa vizinhança com o governo federal. Na última quinta-feira, no lançamento do centro de convenções que será construído em João Pessoa realizado na sede do governo estadual, Cunha Lima citou obras realizadas em seu mandato. Fez questão de citar quatro vezes "a parceria com o governo federal" ou mesmo o presidente Lula nominalmente. "Temos um relacionamento institucional positivo", limitou-se a dizer ao Valor.

Há outros cinco candidatos na disputa pelo governo paraibano, mas em nenhum levantamento eles aparecem, somados, com mais de 2% das intenções de voto. O cenário torna possível, portanto, decisão já no primeiro turno. Segundo a pesquisa revelada pelo Ibope na sexta-feira, Cunha Lima teria 51% dos votos válidos. O instituto reitera, entretanto, que a margem de erro, de três não percentuais, não permite afirmar se o governador tem chances reais de se eleger no primeiro turno.