Título: Embraer fecha negócio de US$ 2,7 bilhões com China
Autor: Lyra, Paulo
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2006, Empresas, p. B7

O presidente da Embraer, Maurício Botelho, comemorou ontem, no Palácio do Planalto, após cerimônia de assinatura de acordos entre a chinesa Hainan Airlines Company (HNA) e a Embraer, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a venda de 50 jatos ERJ e 50 Embraer 190 ao grupo chinês, num negócio que valerá US$ 2,7 bilhões. Segundo Botelho, as próprias cifras envolvidas justificariam a cerimônia na sede do Executivo Federal.

Mas, para ele, é fundamental ressaltar que os contratos de venda reforçam a estratégia da empresa brasileira em se consolidar no mercado chinês, fato que começou a ser desenhado em 2002, com a criação da joint venture Harbin Embraer Aircraft Industry (HEAI). "O mercado chinês é o que mais cresce no mundo. E não cresce de maneira comum, cresce de forma exponencial", destacou Botelho.

O mercado asiático, sobretudo o chinês, ainda representa pouco no faturamento da Embraer. Pelos cálculos do empresário brasileiro, 70% das vendas da empresa de aviação são direcionadas ao mercado americano. Vinte e cinco por cento dos aviões são comprados por europeus e apenas 5% são vendidos para as demais partes do mundo. "A China já tem hoje 20 aviões da Embraer, das 1,5 mil unidades que voam em todo mundo", calculou Botelho.

Botelho também agradeceu os esforços do governo brasileiro, por intermédio do Ministério das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, nas negociações com os empresários chineses. "Negociações deste porte, estratégicas, sempre são feitas com apoio de governos. Aqui e em qualquer parte do mundo", defendeu. O empresário negou, contudo, conhecer qualquer pedido de contrapartida dos chineses para que o Brasil ajude no processo de reconhecimento da China como economia de mercado. "Isso deve ser perguntado ao governo brasileiro. Até onde eu sei, as negociações envolveram apenas aviões".

O chairman da HNA, Cheng Feng, elogiou a empresa brasileira. Lembrou que a maior parte das aeronaves da HNA - a quarta maior aérea da China - são Boeing e Airbus. "Mas o Brasil tem plenas condições de oferecer aviões de boa qualidade", disse. Cheng Feng declarou que aviões de médio porte, como os que vão ser comprados da Embraer, serão fundamentais para fortalecer as rotas para o interior e o oeste chinês, os chamados vôos regionais. "Só eu, que sou a quarta empresa, comprei 100 aviões. Imaginem quanto podem comprar as três primeiras empresas de aviação chinesas", brincou o chairman.